Tudo o que precisa de saber sobre o que está a acontecer em Portugal e no mundo.
Enviada de segunda a domingo às 21h
Por trás desse incidente, revela-se um problema mais profundo: a frágil consolidação do Estado de Direito na Guiné-Bissau.
Nos últimos meses, a Guiné-Bissau tem
assistido a uma preocupante escalada de interferências indevidas nas
instituições do Estado. Entre os episódios mais graves está a tentativa de
setores militares de interferirem na organização e funcionamento do Ministério
Público (dissolvendo o Conselho Superior da Magistratura do Ministério Público)
— um gesto que, à luz da Constituição guineense, é absolutamente destituído de
legitimidade.
A União Internacional de Magistrados de
Língua Portuguesa (UIPLP) recordou oportunamente um princípio essencial:
nenhuma entidade militar detém competência para alterar a estrutura interna do
Ministério Público nem suspender leis da República. Atos dessa natureza são
nulos, abusivos e configuram uma clara usurpação de funções públicas.
Trata-se de um alarme institucional que não
pode ser ignorado.
Por trás desse incidente, revela-se um
problema mais profundo: a frágil consolidação do Estado de Direito na
Guiné-Bissau.
A instabilidade política recorrente,
associada à persistência de forças armadas habituadas a intervir na esfera
civil, tem impedido a consolidação de uma justiça independente e previsível.
O Ministério Público, responsável por
garantir a legalidade e combater a impunidade, torna-se um alvo natural de
pressões e tentativas de controlo.
A comunidade internacional e os cidadãos
devem perceber o alcance desta situação. O enfraquecimento do Ministério
Público significa, em última instância, o enfraquecimento da própria
democracia. Quando as instituições de justiça deixam de atuar segundo a
Constituição e passam a obedecer a interesses de ocasião, o Estado perde o seu
eixo de equilíbrio e a sociedade perde confiança no futuro.
A UIPLP, fiel à sua missão, tem reafirmado
solidariedade plena com os magistrados guineenses.
A defesa da autonomia e independência do
Ministério Público não é apenas uma questão corporativa, mas uma causa
civilizacional: sem justiça livre, não há paz duradoura nem desenvolvimento
sustentável.
O desafio colocado hoje à Guiné-Bissau é o de
afirmar, com coragem e serenidade, que o poder das armas nunca poderá suplantar
o poder da lei. E que, mesmo em tempos de incerteza, a fidelidade à
Constituição é o único caminho possível para um Estado verdadeiramente justo e
soberano.
Deixo expressa aqui a minha solidariedade com
os colegas magistrados do Ministério Público e o Sindicato dos Magistrados do
Ministério Público da Guiné-Bissau.
Fala‑se muito do Estado de Direito, mas pouco se pratica o respeito pelas suas premissas básicas. A presunção de inocência vale para todos — também para os magistrados.
A recente manifestação dos juízes e procuradores italianos, que envergaram as suas becas e empunharam cópias da Constituição nas portas dos tribunais, é um sinal inequívoco de que mesmo sistemas jurídicos amadurecidos podem ser alvo de ameaças sérias à sua integridade.
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
Para poder votar newste inquérito deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
Enquanto os cidadãos sabem o que move e o que pensa a extrema-direita, da esquerda obtém-se um “nim” em vários assuntos. Isso revela uma fraqueza que afasta mais do que os pormenores programáticos em causa.
O País, o Governo, os sindicatos e os assuntos em apreço continuam pendentes como, presumo, os parcos argumentos do manifestante que achou que a nudez era mensagem política.
O ChatGPT foi lançado no final de 2022 e, desde então, grande parte do conteúdo que encontramos online passou a ser produzido, parcial ou totalmente, por inteligência artificial. Falta discutir limites éticos.