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Bluesky, será esta a rede que vai destronar o X?

Ana Bela Ferreira
Ana Bela Ferreira 17 de novembro de 2024 às 15:16
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Plataforma de microblogging nasceu dentro do antigo Twitter, antes de Musk comprar a empresa em 2022. Nas últimas semanas, voltou a conquistar milhares de utilizadores fugidos do X.

Nas últimas semanas, os utilizadores descontentes do X, antigo Twitter, estão a mudar-se para a Bluesky, numa rede social relativamente recente, que tem ganhado dimensão com os desiludidos de Elon Musk. A Bluesky ganhou quase dois milhões de utilizadores apenas entre o final de outubro e meio de novembro, passando de pouco mais de 13 milhões para 15 milhões de registados.

AP Photo/Richard Drew, File

Será ela a herdeira do X? É a pergunta que os especialistas têm tentado responder. A Bluesky nasceu em 2019, precisamente dentro do Twitter, antes de este ser comprado pelo bilionário Elon Musk, que agora se soube vai integrar a administração Trump. Depois da venda do Twitter, a Bluesky tornou-se uma empresa independente, mantendo uma estética muito semelhante à empresa mãe.

Apoiada pelo fundador do Twitter Jack Dorsey, era, até fevereiro, uma rede social onde apenas se entrava por convite. Uma fase que permitiu à plataforma construir modelos de moderação e outras ferramentas. Apresenta uma linha de publicações organizadas por ordem cronológica das contas seguidas pelo utilizador ou pelo tópico "descobrir", à semelhança do agora X. Os utilizadores podem enviar mensagens diretas e fixar publicações. Quem chega de novo pode encontrar "pacotes de iniciante" que oferece uma lista selecionada de pessoas a seguir.

Neste momento a empresa é detida por Jay Graber, que é o seu diretor-executivo. No entanto, é gerida como uma empresa de utilidade pública dos EUA. Já Jack Dorsey, abandonou a estrutura da empresa em maio deste ano e apagou a sua conta em setembro.

Não é a primeira vez que são apontadas redes sociais como sendo as herdeiras ou substitutas do X, mas o facto é que até agora isso ainda não aconteceu. Nesta última vaga de fugas, a Bluesky está a ser escolhida por quem procura um ambiente diferente, mais leve e amigável e mesmo influenciado pelas tendências do também dono da Tesla e da SpaceX.

Antes desta migração pós-eleições dos EUA, a Bluesky já tinha ganhado cerca de 2,6 milhões de utilizadores na semana em que o X foi proibido no Brasil, em agosto. Destas, 85% estavam no país da América do Sul. Depois, em outubro, no dia em que o X anunciou que as contas bloqueadas por um utilizador podiam ainda ver os seus posts públicos, meio milhão de utilizadores mudou-se para a plataforma rival.

Segundo descreve a agência de notícias Associated Press, vários novos utilizadores, entre os quais jornalistas, celebridades e políticos de esquerda, publicaram mensagens onde dizem que esperam usar aquele espaço livre de anúncios e de discurso de ódio. Alguns comparam a Bluesky aos primeiros dias do Twitter, há mais de uma década.

Mais do que uma rede social

Porém, mais do que destronar o X, a Bluesky está a trabalhar para construir uma plataforma que ultrapassa a barreira da rede social. Através da construção de uma fundação técnica a que chama "protocolo para conversação pública", pode colocar as redes sociais a funcionar em diferentes pltaformas, como emails, blogues ou números de telefone.

Além disso, a Bluesky funciona como uma empresa descentralizada, ou seja, os utilizadores podem associar uma conta sua que tenham alojada noutro local, não precisando de estar alojada nos servidores da plataforma.

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