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Covid-19. Pfizer/BioNTech e Moderna contra o fim das patentes de vacinas

Diogo Camilo
Diogo Camilo 06 de maio de 2021 às 22:07
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Farmacêuticas dizem que levantamento de patentes iria complicar a produção e distribuição de vacinas. Avisam que "processo longo" de ensaios clínicos, aprovação da vacina e produção em escala "não acontece em 6, 12 ou 18 meses".

As farmacêuticas Pfizer e Moderna e a empresa de biotecnologia BioNTech mostraram-se esta quinta-feira contra o plano dos Estados Unidos de levantamento das patentes das vacinas contra a covid-19. EUA já começaram a analisar a hipótese junto da Organização Mundial do Comércio (OMC) e a União Europeia apoia a decisão, apesar da Alemanha se mostrar reticente.

Esta quinta-feira, o CEO da Pfizer, Albert Boula, afirmou ser contra a proposta dos Estados Unidos, indicando que abrir locais de produção de vacinas da Pfizer/BioNTech noutros países que não os EUA e UE iria complicar a produção e comprometer as metas de quantidade de doses produzidas.

Reuters

"Precisamos de concentrar os nossos esforços (nas fábricas já existentes), utilizando a capacidade de produzir milhares de milhões de doses e garantindo que as operações não são interrompidas por anúncios motivados politicamente", disse Bourla. O responsável da Pfizer indica que uma vacina baseada em novas tecnologias, como a vacina contra a covid-19, requer um processo "muito longo" e uma "experiência técnica apurada", acrescentando que são muito poucas as fábricas que têm estas competências instaladas.

O diretor executivo acrescentou ainda que a Índia e a África do Sul, os países que mais têm contestado a existência de patentes de vacinas, não têm nenhuma fábrica com capacidade de produzir vacinas contra a covid-19, não preenchendo exigências a nível de armazenamento e a sua montagem.

Também a empresa BioNTech indicou que a existência de patentes não limitou a produção e distribuição de vacinas contra a covid-19 até ao momento. "As patentes não são o fator que limita a produção ou o fornecimento da nossa vacina. O seu levantamento não aumentaria a produção global ou o fornecimento de doses de vacinas no curto ou médio prazo", disse um porta-voz da farmacêutica.

A BioNTech/Pfizer afirma ter "a capacidade" de produzir até 3 mil milhões de doses ainda este ano e mais de 3 mil milhões em 2022.

Já a Moderna, também criadora de uma vacina contra a covid-19 com a tecnologia de mRNA, diz que acredita que países de todo o mundo vão continuar a comprar vacinas à covid-19, mesmo que patentes sejam levantadas, e que a decisão só iria levantar problemas de produção em escala.

A farmacêutica, que já tinha indicado em outubro do ano passado que não iria impor patentes durante a pandemia, notou uma falta de produção em escala de vacinas por parte de outras farmacêuticas para satisfazer a procura de países - e avisou que o mesmo pode acontecer sem patentes.

"Vão ter de conduzir ensaios clínicos, reunir dados, ter a vacina aprovada e produzi-la em larga escala. Isto não acontece em 6, 12 ou 18 meses", afirmou o diretor executivo da Moderna, Stephane Bancel, numa conferência de imprensa.

O CEO da farmacêutica indicou ainda que teve mesmo de dizer a alguns países: "Lamentamos muito, mas não temos mais vacinas para vocês em 2021."

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