Sábado – Pense por si

Morreu a presidente da SOS Hepatites, Emília Rodrigues

18 de janeiro de 2021 às 07:45
As mais lidas

"Lutou com entusiasmo, com emoção, com persistência para ajudar estas pessoas que sofriam desta doença", enalteceu o presidente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia.

A presidente da Associação SOS Hepatites, Emília Rodrigues, morreu no domingo vítima de doença súbita, disse à Lusa o hepatologista Rui Tato Marinho.

Co-fundadora e presidente da direção da SOS Hepatites, Emília Rodrigues dedicou parte da sua vida à defesa dos doentes com hepatite e ao acesso dos doentes com hepatite C aos medicamentos inovadores que permitem a sua cura.

"Quero prestar-lhe uma grande homenagem porque na realidade personificou a importância que as associações de doentes têm para ajudar os médicos, o público e o poder político a entender o benefício que, trabalhando todos em conjunto, foi possível dar de uma forma universal e gratuita,o Estado assumiu, os medicamento inovadores a todos os que precisavam", salientou Rui Tato Marinho.

Desde muito cedo, adiantou, Emília Rodrigues "entendeu bem a importância que tinha esta doença, porque viu morrer vários amigos, e depois quando começou a liderar a Associação SOS Hepatites, com a ajuda [do músico] Zé Pedro, dos Xutos & Pontapés, que faleceu por causa desta doença, foi ao longo dos anos somando mortos, foi construindo um pequeno cemitério, e percebeu que era uma doença gravíssima e com a chegada dos novos medicamento ea possível salvar muitas vidas".

"Lutou com entusiasmo, com emoção, com persistência para ajudar estas pessoas que sofriam desta doença", enalteceu o presidente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia.

Salientou ainda que todos os doentes que neste momento estão curados devem ter a noção que "uma percentagem da cura que têm" é devido à presidente da associação e ao seu trabalho ao longo dos anos.

Rui Tato Marinho sublinhou que num "período curto de alguns meses" houve "uma notícia muito feliz" e outra "notícia triste".

"A notícia muito feliz foi a entrega do Prémio Nobel que também veio confirmar a justeza da nossa luta, da nossa persistência, e depois esta notícia triste que é a morte de uma das ativistas da Hepatite C", sublinhou.

"Felizmente ainda assistiu à atribuição do Prémio Nobel por uma causa que lutou muito anos", rematou Rui Tato Marinho.

Desde 2015, quando foi aprovado o primeiro medicamento da nova geração para a hepatite C, já foram autorizados mais de 27 mil tratamentos .

Desde então foram curados 15 mil doentes. A taxa de cura foi de 97%. Os utentes que foram tratados e que não conseguiram ficar curados foram 572, segundo dados divulgados em outubro de 2020 pela Sociedade Portuguesa de Gastrenterologista.

No país emerso

Por que sou mandatária de Jorge Pinto

Já muito se refletiu sobre a falta de incentivos para “os bons” irem para a política: as horas são longas, a responsabilidade é imensa, o escrutínio é severo e a remuneração está longe de compensar as dores de cabeça. O cenário é bem mais apelativo para os populistas e para os oportunistas, como está à vista de toda a gente.