O País endividou-se para pagar um dote milionário que assegurasse o casamento com Carlos II. Catarina de Bragança tornou-se assim o garante da aliança com Inglaterra e uma ajuda preciosa contra as investidas espanholas. Depois de cinco abortos, sem filhos e com um marido-rei libertino, suportou todas as humilhações na corte inglesa. Mas lançou a moda do chá e do leque, pescava e era atiradora de arco com flecha, chegou a disfarçar-se de camponesa e jogava às cartas a dinheiro. Após enviuvar, voltou a Portugal muito rica – foi regente e influenciou o sobrinho que viria a ser o Rei D. João V.
Usava vestidos mais curtos, a mostrar os tornozelos, e calças. Era atiradora de arco e flecha, pescava com o marido e tinha o hábito de beber chá para o “apaziguamento da alma”, explica a investigadora Susana Varela Flor.
D. Catarina de Bragança gostava de jogar às cartas com as damas da corte inglesa e de apostar a dinheiro. Mesmo perdendo, divertia-se. Estas despesas eram descontadas da sua conta privada (privy purse), gerida pela sua camareira-mor, a condessa de Suffolk, Barbara – e onde estavam os gastos mais corriqueiros. Como, por exemplo, uma coleira de prata para o seu macaco.
A música era outra parte do orçamento, aliás o quarto maior gasto. Estas descobertas vão ser publicadas em novembro, no Reino Unido, pela historiadora Maria Hayward, que partilhou com a SÁBADO, antecipadamente, alguns dados do livro. “Podemos conhecer melhor esta rainha ao analisar as suas despesas”, diz a investigadora.
Outro hábito de D. Catarina era viajar. Certa vez, no verão, juntou-se com amigos e resolveram disfarçar-se de camponeses e irem incógnitos à feira anual em Saffron Walden, a 90 km de Londres, mas o sotaque de classe alta, como descreve a escritora Sarah-Beth Watkins, denunciou a rainha quando quis comprar umas “meias amarelas”. Como conta a historiadora Virgínia Rau na biografia: “A notícia [da presença da rainha] correu veloz, engrossando cada vez mais a multidão que se comprimia para os ver”. Tiveram de fugir.
Não é de estranhar que depois de viúva – a mulher que criou a moda do leque e do chá em Inglaterra, antes apenas bebido como mezinha – se aborrecesse quando regressou à corte do irmão, D. Pedro II, em Portugal. Aliás, ele até reprovava os seus vestidos decotados e com braços desnudados, mas nada a demovia, e os decotes tornaram-se moda na corte portuguesa. “Catarina, quando regressa a Lisboa, tem a sensação de que a corte ainda estava mais rígida do que no tempo do seu pai”, conta à SÁBADO a historiadora Joana Pinheiro de Almeida.
Para a História ficou uma imagem errada de Catarina, marcada pela incapacidade de gerar um herdeiro, descrita como feia e beata católica, mas a coragem marcou a sua vida.
“Os sacrifícios que fez durante o casamento garantiram a independência de Portugal”, conclui Susana Varela Flor. No Reino Unido, o interesse por Catarina está a ressurgir. Um dos livros mais recentes, da historiadora Sophie Shorland, é publicado em novembro em Portugal e descreve a sua vida surpreendente. Conheça a monarca que foi determinante para Portugal.
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