Do Executivo, recém regressado da Índia, onde o primeiro-ministro, António Costa, se encontra em visita oficial, esteve também o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva. Questionado pelos jornalistas sobre o facto de António Costa ter mantido a visita após a morte do ex-Presidente, Santos Silva considerou que foi "uma bela homenagem" a Soares, que a compreenderia.
Os antigos Presidentes da República Ramalho Eanes e Jorge Sampaio, o ex-primeiro-ministro e presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, os líderes do CDS-PP, Assunção Cristas, e do PCP, Jerónimo de Sousa, a coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, e o ex-dirigente socialista António José Seguro foram algumas da personalidades que se deslocaram também aos Jerónimos para se despedirem de Mário Soares e darem um abraço aos filhos do falecido, João e Isabel.
O cardeal-patriarca, Manuel Clemente, o ex-chefe do Governo José Sócrates, o ex-candidato presidencial Sampaio da Nóvoa, o ex-presidente do Sporting Dias da Cunha, o fadista Carlos do Carmo, os actores Vítor de Sousa e Lurdes Norberto, os jornalistas Carlos Magno e Vicente Jorge Silva, o padre Vitor Feytor Pinto, o empresário Ilídio Pinho e o humorista Ricardo Araújo Pereira, foram outros dos presentes. O presidente do FC Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa, o maestro António Victorino d´Almeida, o ministro das Finanças, Mário Centeno, o constitucionalista Jorge Miranda, o ex-presidente da Caixa Geral de Depósitos António Domingues, o ex-procurador-geral da República Pinto Monteiro e o ex-eurodeputado e fundador do partido Livre Rui Tavares também marcaram presença. Ex-dirigentes políticos como José Pacheco Pereira e José Vera Jardim foram também aos Jerónimos apresentar condolências à família de Soares, tal como os ex-ministros Marçal Grilo, Nobre Guedes e Leonor Beleza.
Os elogios da oposição e do amigo Sócrates
Nas declarações no exterior do mosteiro, Pedro Passos Coelho sublinhou que Mário Soares está a ter uma "homenagem nacional", sentida por todos os portugueses, enquanto o líder comunista, Jerónimo de Sousa, optou por manifestar o seu pesar e recordar o "combate contra a ditadura fascista".
Assunção Cristas destacou o papel de Soares na consolidação da democracia pluripartidária e na adesão de Portugal à Europa. Catarina Martins lembrou que esteve ao lado de Soares na luta contra a guerra do Iraque e classificou o ex-Presidente como um "marco da história do século XX e da democracia portuguesa".
Os dirigentes históricos socialistas Manuel Alegre e Edmundo Pedro estiveram também nos Jerónimos. Alegre considerou que Mário Soares "não desaparece", porque ficará na memória de todos os que prezam os valores da liberdade, democracia, justiça social e tolerância. Edmundo Pedro recordou os combates com o amigo Mário Soares, "sempre do mesmo lado".
José Sócrates não poupou elogios ao homem que esteve ao seu lado "nos últimos tempos". "O dr. Mário Soares é um grande companheiro de política e um grande amigo. Essa memória é muito pessoal, reservo-a a quem está próximo de mim, não gosto de falar dos meus sentimentos mas imaginam o que significou para mim a amizade sempre presente de Mário Soares", disse. "Mário Soares foi talvez o político carismático do século XX. O político que se bateu em primeiro lugar contra a ditadura e que ganhou o carisma de combatente, e que foi capaz depois, em liberdade, do 25 de Abril, de ter encarnado o carisma de reconciliação", afirmou Sócrates, rematando: "Mário Soares teve uma vida cheia, plena, realizada, por isso ao olharmos hoje para trás o que podemos é celebrar e honrar a memória de um homem que foi absolutamente extraordinário na política portuguesa."
O funeral realiza-se esta terça-feira, pelas 15h30, no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa, após passagem do cortejo fúnebre pelo Palácio de Belém, Assembleia da República, Fundação Mário Soares e sede do PS, no Largo do Rato.
Nascido a 7 de Dezembro de 1924, em Lisboa, Mário Alberto Nobre Lopes Soares, advogado, combateu a ditadura do Estado Novo e foi fundador e primeiro líder do PS. Após a revolução do 25 de Abril de 1974, regressou do exílio em França e foi ministro dos Negócios Estrangeiros e primeiro-ministro entre 1976 e 1978 e entre 1983 e 1985, tendo pedido a adesão de Portugal à então Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1977, e assinado o respectivo tratado, em 1985. Em 1986, ganhou as eleições presidenciais e foi Presidente da República durante dois mandatos, até 1996.