Secções
Entrar

Operação Fizz: Arranca julgamento que opõe Portugal e Angola

22 de janeiro de 2018 às 07:00

Tribunal da Relação ainda não decidiu se irá transferir processo de Manuel Vicente, ex-vice-presidente de Angola, para o seu país.

Começa hoje o julgamento da Operação Fizz, em que o ex-vice-presidente de Angola e antigo presidente da Sonangol, Manuel Vicente, é acusado de ter pago 760 mil euros a Orlando Figueira, antigo procurador. O pagamento serviu para que Figueira arquivasse dois inquéritos, entre eles o Portmill, em que Vicente era visado. O procurador teve envolvido em outros casos como o do Banif e o BES Angola. Depois de deixar o Departamento Central de Investigação e Acção Penal, Figueira prometeu que não ia trabalhar com angolanos, mas acaba por celebrar um contrato com a Primagest, ligada à Sonangol segundo o Ministério Público.

1 de 5
Foto: Cofina Media/Lusa
Foto: Cofina Media/Lusa
Foto: Cofina Media/Lusa
Foto: Cofina Media/Lusa
Foto: Cofina Media/Lusa

Figueira foi detido em Fevereiro de 2016 e chegou a estar preso preventivamente. Alega que Carlos Silva, presidente do Conselho de Administração do Banco Privado Atlântico, negociou e ordenou a transferência de uma parte dos cerca de 760 mil euros alegadamente pagos por Manuel Vicente.

O pedido de separação do processo do ex-vice-Presidente angolano Manuel Vicente deverá dominar na segunda-feira o início do julgamento. O advogado de Vicente, Rui Patrício, tem alegado que o seu cliente nem sequer foi notificado da acusação de corrupção e branqueamento de capitais imputada pelo Ministério Público e entende que o antigo presidente da Sonangol não pode ser julgado neste processo em Portugal, de-vendo o assunto ser suscitado no período de questões prévias do julgamento.

Segundo a defesa, o processo sofreu vícios processuais que o afectam e colocam em causa.

Por outro lado, o presidente do colectivo de juízes, Alfredo Costa, já concordou com a posição do Ministério Público (MP) em recusar a transferência do processo de Manuel Vicente para Angola, decisão que está em recurso no Tribunal da Relação de Lisboa.

O magistrado enviou, a 7 de Novembro de 2017, uma carta rogatória às autoridades de Angola para que Manuel Vicente fosse constituído arguido e que seja notificado de "todo o conteúdo da acusação proferida nos autos", explicando que dispõe de 20 dias contados a partir da data da notificação para requerer, caso assim o entenda, a abertura da instrução.

A recusa em transferir a matéria processual para as autoridades judiciárias angolanas, ao abrigo de convenções judiciárias com a CPLP, levou o Presidente angolano, João Lourenço, a classificar como "uma ofensa" a atitude da Justiça portuguesa, advertindo que as relações entre os dois países vão "depender muito" da resolução do caso.

Em Portugal, Marcelo Rebelo de Soiusa recusou que a Operação Fizz não irá interferir nas relações luso-angolanas. "Nunca haverá represálias" para Lisboa. "Angola não é problema", acrescentou.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela