Sábado – Pense por si

Isabel II apoiava Harry para processar tablóide mas Carlos interveio

Harry defende em tribunal que existia "uma estratégia de longo prazo" para "facilitar o caminho para a minha madrasta ser aceite pelo povo britânico" e "tudo o que pudesse perturbar esse resultado deveria ser evitado a todo o custo".

A rainha Isabel II concordava em processar a News Group Newspaper (NGN) por piratear telemóveis da família real, mas o processo não terá avançado porque o príncipe Carlos pretendia garantir o apoio do grupo no momento da sua ascensão a rei. A informação foi avançada pelo príncipe Harry durante o julgamento em que o duque garante que o grupo utilizou formas ilegais de obter informações privadas.

REUTERS/Henry Nicholls

Em 2017 tanto o príncipe William como a sua avó afirmaram que apoiavam o príncipe Harry, em iniciar um processo para obter um pedido de desculpa por parte da NGN. "William foi muito compreensivo, solidário e concordou comigo, sugeriu que pedisse permissão à avozinha. Falei com ela pouco tempo depois", partilhou o duque de Sussex avançando ainda que perguntou a Isabel II algo como: "Está satisfeita por eu avançar com isto, tenho a sua permissão?" e a resposta da avó terá sido afirmativa.

Desde esse momento os advogados da família real tentaram entrar em contacto com os executivos de Rupert Murdoch, properietário da NGN, mas sem nunca terem conseguido obter qualquer resposta.

Já em 2018 Harry terá sido informado de que a NGN não aceitou pedir desculpas à Rainha e aos restantes membros da família real uma vez que "se o fizessem, teriam de admitir não só que oNews of the Worldestava envolvido em atos de pirataria, mas também oThe Sun".

Harry defende que foi o então que o príncipe Carlos interferiu e exigiu que os processos legais contra os jornais britânicos parassem. O príncipe garante, na sua declaração, que foi "convocado ao Palácio de Buckingham" onde lhe foi dito para "abandonar todas as ações legais porque tinham um efeito negativo em toda a família".

O irmão mais novo de William acredita que o verdadeiro motivo para este pedido era garantir que oThe Sunapoiava a ascensão de Carlos ao trono assim como o papel de Camila enquanto rainha consorte. Existia "uma estratégia de longo prazo para manter os média do seu lado, a fim de facilitar o caminho para a minha madrasta ser aceite pelo povo britânico como rainha consorte quando o momento chegasse" e "tudo o que pudesse perturbar esse resultado deveria ser evitado a todo o custo". Estas informações foram agora partilhadas pelo príncipe Harry através de uma declaração escrita ao tribunal.

Apesar de o processo ter ficado aparentemente sem efeito, no testemunho divulgado na terça-feira, Harry acusou ainda o príncipe William de ter recebido uma "elevada quantia monetária" através de um acordo secreto com o grupo britânico. Este acordo, alegadamente desenvolvido pelo Palácio de Buckingham e os responsáveis do NGN, terá ficado concluído em 2020 para resolver discretamente as acusações de que os telemóveis da família real tinham sido pirateados.

Não ficou claro como é que o príncipe Harry tomou conhecimento deste acordo, ainda assim o duque de Sussex avançou que as suas acusações se baseiam num documento redigido e através do qual é possível considerar que William assinou o acordo em questão.

O processo movido agora pelo príncipe Harry contra o NGN por alegados atos ilegais cometidos por jornalistas doThe Sune doNews of the World, entretanto extinto, está a ser julgado no Supremo Tribunal de Londres. Entre as alegações feitas por Harry é referido que os jornalistas da NGN intercetaram ilegalmente mensagens de correio de voz, obtiveram informações privadas através de manipulação e contrataram investigadores privados para obterem informações de forma ilegal.

A declaração enviada por Harry ao tribunal conta com 31 páginas e acusa a família real de colaborar com a imprensa para proteger a sua imagem.

Em 2007 a editora doNews of the Worlde um detetive privado foram condenados por piratearem mensagens de voz da realeza britânica. Em 2010 os escândalos relacionados com o tabloide de domingo regressaram com alegações de que a pirataria telefónica era uma prática comum e que a polícia britânica tinha sido cúmplice.

Em 2012 o grupo de Murdoch emitiu um pedido de desculpas pela invasão generalizada por parte de jornalistas doNews of the World, que acabou por fechar depois do escândalo.

O império de Murdoch perdeu mais de mil milhões de libras devido aos sucessivos escândalos que envolvem a família real.

Artigos Relacionados