O Parlamento vai votar uma proposta do Conselho de Ministros para tornar o dia 25 de Novembro feriado nacional. José Filipe Pinto considera que “o PSD viu aqui uma oportunidade histórica para vingar a sua interpretação".
O Conselho de Ministros aprovou, a 28 de agosto, uma proposta para tornar o 25 de novembro um feriado nacional por considerar que é necessário um “reconhecimento da importância histórica da data para a consolidação da democracia em Portugal”.
O Governo criou uma comissão para planear a celebração dos 50 anos do 25 de Novembro
Agora é preciso que a proposta seja aprovada pelo Parlamento e, apesar de não haver ainda uma data para que a discussão ocorra, o professor universitário José Filipe Pinto acredita que tal vai acontecer em breve. “O PSD viu aqui uma oportunidade histórica para vingar a sua interpretação”, começa por considerar o especialista em ciência política antes de explicar: “Foi escolhido este momento devido à alteração de forças no Parlamento”.
O professor universitário explica que apesar de já terem existido “governos maioritários de direita, esta maioria é agora mais forte devido a existência de um terceiro partido, a IL, sendo por isso atualmente o Parlamento mais representativo da faixa da população a favor do 25 de Novembro”. Este é um tema que sempre foi muito querido dos democratas cristãos, mas desde que a Iniciativa Liberal ganhou espaço que também tem pedido um maior reconhecimento do dia.
“Ainda assim a maioria da direita, sem contar com a extrema-direita, ainda é relativa”, recorda. Por isso, José Filipe Pinto acredita que “o PSD viu este momento como uma oportunidade para obrigar o PS a clarificar-se em termos ideológicos no pós-geringonça”. “Esse foi um momento em que os socialistas se aliaram aqueles à sua esquerda, mas com a mudança de liderança interna pede-se agora uma clarificação sobre se o PS se revê no espírito do 25 de Novembro ou se tem a mesma visão daqueles à sua esquerda”.
Assim sendo, o sociólogo acredita que o “PS deve aprovar, ou pelo menos abster-se" até porque “as últimas eleições deixaram claro que o espírito da Geringonça deixou de ter tanto sucesso perto do eleitorado”.
No que toca à posição do Chega, José Filipe Pinto afirma que “é provável que vote a favor da viabilização porque a maioria do partido coloca muito mais em causa o espírito revolucionário do 25 de Abril do que do 25 de Novembro, que no máximo pode considerar que não foi longe o suficiente”.
Qual a importância do 25 de Novembro?
A importância histórica do dia remota ao ano de 1975, quando, depois da Revolução dos Cravos de 1974, a democracia portuguesa ficou consolidada. A 25 de novembro de 1975, depois do conhecido “verão quente”, cerca de 1.000 paraquedistas da Base Escola de Tancos, associados à esquerda radical, ocuparam instalações como o Comando da Região Aérea de Monsanto, o Aeroporto de Lisboa ou a RTP.
Num primeiro momento parecia existir o risco de se tratar de um golpe de Estado, mas a resposta de um dispositivo militar chefiado pelo então tenente-coronel Ramalho Eanes, que mais tarde seria Presidente da República, afastou essa possibilidade.
“O PSD e o CDS sempre defenderam que o 25 de Novembro recuperou o espírito do 25 de Abril. Durante o período que separou as duas datas, Portugal vivia numa anarquia social porque havia a perfeita noção de que o poder estava na rua pela força do MDP e do PCP.” José Filipe Pinto recorda que apesar de ter sido o PS a vencer as eleições para a Assembleia Constituinte e o PCP ser apenas a terceira força política, atrás do PSD, o clima vivo era “muito vigiado e a 12 de novembro chegou a haver um cerco à Assembleia”.
No entanto, este não é um dia bem lembrado pela maioria dos partidos de esquerda, especialmente pelo PCP uma vez que o partido tinha o desejo “que Portugal se alinhasse com o bloco de Leste”: “O que o 25 de Novembro veio fazer, na perspetiva da extrema-esquerda, foi o regresso de forças ligadas ao antigo regime, o que fazia com que o 25 de Abril não fosse consumado da forma que desejavam”, recorda o professor universitário.
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui ,
para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana. Boas leituras!
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
Para poder votar newste inquérito deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
A forma mais encoberta da violência obstétrica, isto é, a violência verbal, inclui comentários desrespeitosos, reprimendas desnecessárias, ironia, insultos, ameaças, culpabilização e humilhação da grávida.
Abrem-se inquéritos, anunciam-se auditorias, multiplicam-se declarações de pesar e decreta-se luto nacional. Mas os dirigentes continuam nos seus cargos, os responsáveis políticos limitam-se a transmitir solidariedade às famílias e a responsabilização dissolve-se.
É duro visitar um cemitério de guerra com jovens rapazes ucranianos que estão próximos de completar as idades com a quais ou não podem sair da Ucrânia (a partir dos 23 anos – entre os 18 e os 22 anos podem agora ausentar-se do país), ou podem vir a ser chamados a defender o seu país (a partir dos 25 anos).