Juíza Carina Realista Santosa considerou que estavam "manifestamente indiciados" os factos imputados ao ex-diretor de Fronteiras do SEF, António Sérgio Henriques, e ao vigilante Manuel Correia.
O tribunal decidiu esta sexta-feira levar a julgamento todos os arguidos do segundo processo ligado à morte do cidadão ucraniano Ihor Homeniuk em 2020 nas instalações do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), no aeroporto de Lisboa.
Na leitura da decisão instrutória, realizada no Tribunal Central de Instrução Criminal, a juíza Carina Realista Santos considerou que estavam "manifestamente indiciados" os factos imputados ao ex-diretor de Fronteiras do SEF, António Sérgio Henriques, e ao vigilante Manuel Correia -- os dois arguidos a pedirem a abertura de instrução -- no caso da morte do cidadão ucraniano, pelo que proferiu um despacho de pronúncia dos arguidos.
Sobre António Sérgio Henriques, a magistrada entendeu que o ex-diretor de Fronteiras do SEF agiu no exercício das suas funções, tendo participado na elaboração do relatório de ocorrência, algo que era efetuado pelos vigilantes do espaço equiparado a centro de instalação temporária (EECIT), após falar com inspetores e vigilantes para apurar o que tinha acontecido.
Acrescentou ainda que o antigo responsável do SEF viu a cara de Ihor Homeniuk já cadáver, "com inchaços que são muito sugestivos de episódios de agressão", e que tomou conhecimento de que o cidadão ucraniano tinha sido algemado pelos inspetores Duarte Laja, Bruno Sousa e Luís Silva, não refletindo toda a situação no relatório.
"Foi informado dos termos em que se processou a intervenção dos inspetores, sem, porém, fazer constar no relatório que elaborou. Com que intenção? Para que nada comprometesse os inspetores sob a sua direção. Só assim se explica a preocupação em elaborar um relatório que não é da sua competência", referiu a juíza de instrução.
Já em relação ao vigilante Manuel Correia, a juíza não atendeu à tese de que teria apenas tentado acalmar Ihor Homeniuk, recorrendo aos testemunhos do enfermeiro João Lopes e da socorrista Eloísa Lima para sustentar que o arguido usou fita adesiva para manietar o cidadão ucraniano nas instalações do SEF.
"Indícios não faltam relativamente aos factos da acusação imputados ao senhor Manuel Correia, entendendo por isso o tribunal que deve ser proferido um despacho de pronúncia", resumiu a magistrada Carina Realista Santos.
António Sérgio Henriques - afastado do cargo pelo Ministério da Administração Interna em março de 2020, após a morte de Ihor Homeniuk - responde por denegação de justiça e prevaricação. Os inspetores João Agostinho e Maria Cecília Vieira são acusados de homicídio negligente por omissão de auxílio, enquanto aos vigilantes Manuel Correia e Paulo Marcelo são imputados os crimes de sequestro e exercício ilícito de atividade de segurança privada.
O primeiro processo sobre a morte de Ihor Homeniuk resultou na condenação a nove anos de prisão dos inspetores do SEF Duarte Laja, Luís Silva e Bruno Sousa por ofensa à integridade física grave qualificada, agravada por ter resultado na morte da vítima.
Segundo a acusação do MP no primeiro processo, Ihor Homeniuk morreu por asfixia lenta, após agressões a pontapé e com bastão perpetradas pelos inspetores Luís Silva, Duarte Laja e Bruno Sousa, que causaram ao cidadão ucraniano a fratura de oito costelas. Além disso, tê-lo-ão deixado algemado com as mãos atrás das costas e de barriga para baixo, com dificuldade em respirar durante largo tempo, o que terá causado paragem cardiorrespiratória.
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui ,
para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana. Boas leituras!
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
Para poder votar newste inquérito deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
No Estado do Minnesota, nos EUA, na última semana, mais um ataque civil a civis — desta vez à escola católica Annunciation, em Minneapolis, durante a missa da manhã, no dia de regresso às aulas.
O famoso caso do “cartel da banca” morreu, como esperado, com a prescrição. Foi uma vitória tremenda da mais cara litigância de desgaste. A perda é coletiva.
A Cimeira do Alasca retirou dúvidas a quem ainda as pudesse ter: Trump não tem dimensão para travar a agressão de Putin na Ucrânia. Possivelmente, também não tem vontade. Mas sobretudo, não tem capacidade.
As palavras de Trump, levadas até às últimas consequências, apontam para outro destino - a tirania. Os europeus conhecem bem esse destino porque aprenderam com a sua miserável história.