O teste PISA revela que a literacia dos estudantes portugueses de 15 anos baixou durante a pandemia e está agora em linha com a média da OCDE. Maior trambolhão foi a matemática: menos 21 pontos.
Os alunos portugueses pioraram nos resultados do PISA tanto no domínio da leitura como da matemática, quando comparado aos resultados obtidos em 2018. Em ciência, o nível de aprendizagem manteve-se em linha com o resultado anterior. Portugal está na média dos resultados obtidos internacionalmente nos países da OCDE, revela o documento publicado esta terça-feira.
O teste PISA é realizado internacionalmente entre os países membros da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) que escolhem participar e tem por objetivo aferir a literacia em três campos: matemática, leitura e ciência entre alunos com 15 anos (o equivalente à escolaridade entre o 9º e o 11º ano, em Portugal). Este foi o primeiro PISA a ser realizado depois da pandemia, sendo o primeiro estudo de larga escala (participaram 690 mil alunos de 81 países) que avaliou a literacia dos alunos pós-pandemia. E apesar de haver países onde os resultados se mantiveram em linha com os anteriores (Singapura, Japão e Suíça), observou-se uma "queda sem precedentes" no desempenho dos alunos da OCDE e Portugal não foi exceção.
Segundo os resultados divulgados esta terça-feira os alunos portugueses conseguiram uma pontuação média de 472 pontos em matemática (menos 21 pontos do que em 2018). Em leitura a pontuação foi de 477 (menos 15 pontos) e em ciências 484 (menos sete). A média da OCDE foi de 472 (menos 15 pontos do que em 2018), 476 (menos 10) e 485 (menos 2), respetivamente.
Os resultados deste PISA concluem que apesar de quase todos os alunos terem tido piores resultados a matemática, os 10% dos alunos com melhores resultados tiveram uma descida mais acentuada do que os 10% com resultados mais baixos. No entanto, a maioria dos alunos é capaz de interpretar e reconhecer como uma situação simples pode ser representada matematicamente (o nível 2).
Do total de estudantes, apenas 7% dos atingiu os dois níveis mais altos de avaliação (5 e 6) em matemática, enquanto a média da OCDE é de 9%. Em comparação, 41% dos alunos de Singapura e 29% dos alunos macaenses estão nesses níveis de desempenho a matemática.
Já a nível de leituras, Portugal está ligeiramente acima da média da OCDE, com 77% dos alunos a atingir o nível 2, o que significa que sabem identificar a ideia principal de um texto, interpretar contextos e refletir sobre o significado de um texto, quando instados a tal. De novo, a percentagem de alunos nacionais que atingiram o nível 5 ou 6 (5%) fica aquém da médica da OCDE (7%).
Já relativamente ao teste relacionado com aprendizagens em ciência, os alunos portugueses estão acima da média da OCDE, com 78% a atingirem pelo menos o nível 2, o que quer dizer que conseguem identificar a explicação para fenómenos científicos familiares e perceber se uma conclusão apresentada é baseada em fontes de informação.
Os testes concluíram ainda que os rapazes têm melhores resultados do que as raparigas em matemática (mais 11 pontos) e as raparigas ultrapassam os rapazes na leitura (por 21 pontos).
Num capítulo dedicado ao papel dos professores, os autores do relatório referem que os professores nacionais são bem classificados pelos seus alunos. Setenta e cinco por cento dos alunos consideraram que os professores de matemática se mostravam interessados na aprendizagem dos alunos (a média da OCDE é 63%) e 79% considerou mesmo que os professores dão um apoio extra a quem mais necessita. É nos sítios onde estes valores são mais altos que se nota um menor decréscimo nas pontuações neste teste.
Impacto da covid-19
O estudo faz ainda uma análise aos impactos da covid-19 nas aprendizagens, concluindo que houve problemas de acompanhamento dos alunos durante este período.
As aprendizagens durante a covid-19 mostram que 24% dos estudantes tiveram pelo menos um problema por semana em perceber as tarefas que lhes eram pedidas. E 17% revelou ter tido dificuldade em encontrar alguém capaz de os ajudar com os trabalhos de casa.
Os autores do estudo revelam não ter sentido grande diferença entre escolas que decidiram fechar as portas durante a pandemia (como no Brasil, Irlanda e Jamaica) e aqueles que mantiveram abertos os estabelecimentos de ensino (Islândia, Taipei ou Suécia), apesar de sublinharem que a distância prejudicou de forma desigual os alunos com menos meios.
O que é o PISA?
A operação PISA destina-se a avaliar a literacia dos alunos com 15 anos de idade e decorreu entre 2 de março e 22 de abril de 2022. Em Portugal participaram 6.793 alunos de 15 anos, de 224 escolas espalhadas pelo País. O teste é realizado num computador.
Os alunos são escolhidos de forma aleatória, com base no número total de estudantes por estabelecimento de ensino e do universo elegível. Em Portugal há cerca de 96 mil alunos de 15 anos.
Os testes do Pisa realizam-se de três em três anos, mas devido à pandemia de covid-19, a edição prevista para 2021 foi adiada para 2022. O domínio principal desta edição foi a matemática, sendo o foco principal rotativo com as ciências e a leitura.
Ao contrário de maior parte dos testes de avaliação internacional, o PISA avalia a literacia e não o conhecimento dos currículos, o que permite traçar um esboço sobre as políticas de ensino nos diferentes países da OCDE. Estas provas "não avaliam a memorização nem a reprodução do que é aprendido na escola, mas sim a capacidade que os alunos têm de aplicar e relacionar conhecimentos e competências em contextos do quotidiano", refere a organização.
O PISA começou a ser implementado em 2000 e tem vindo a crescer desde então. O teste é financiado pelo governo de cada um dos países que decide participar.
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