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Partidos pedem que PM explique paragem para assistir à final da Liga Europa

António Costa sentou-se ao lado do presidente da Hungria para assistir ao Sevilha - Roma.

Foi no dia 31 de maio que António Costa fez escala em Budapeste, na Hungria, para ver a final da Liga Europa. Durante o jogo, no Puskás Arena, sentou-se ao lado de Viktor Orbán, mas o evento nunca esteve na agenda pública e o caso tem vindo a gerar polémica.

De acordo com a notícia avançada esta sexta-feira peloObservador, o primeiro-ministro interrompeu uma viagem a bordo de um Falcon 50 da Força Aérea para assistir ao Sevilha - Roma na tribuna de honra. Como destino tinha Chisinau, capital da Moldávia, para marcar presença na II Cimeira da Comunidade Política Europeia.

Apesar da interrupção não ter sido comunicada, Marcelo Rebelo de Sousa garante que foi informado e, em declarações aos jornalistas, disse que António Costa "entendeu que devia dar um abraço a José Mourinho", treinador do Roma, com o intuito de "dar sorte" para o jogo.

Referiu ainda que, no seu entender, não existe qualquer "problema político específico" uma vez que os dois países são aliados na União Europeia.

"A Hungria é um estado da União Europeia (UE). [Viktor Orbán] é um primeiro-ministro da União Europeia. Podemos concordar ou discordar dele nas migrações, na política económica e social e em muita coisa, mas faz parte do grupo de países que são nossos aliados naturais na UE", disse Marcelo Rebelo de Sousa em declarações à RTP.

Mas esta paragem deveria ou não constar na agenda pública do primeiro-ministro? Marcelo Rebelo de Sousa remeteu a pergunta para António Costa, mas mostrou-se convencido de que se tratou de uma decisão de "última hora".

"Acho que decidiu à ultima hora. Veio a uma audiência e saiu diretamente para a Moldova. Tenho impressão que lhe deve ter ocorrido que calhava no caminho, era preciso fazer uma escala técnica e aproveitou para ver o futebol", sublinhou.

Quem não parece partilhar da mesma opinião são os partidos da oposição que já pediram esclarecimentos.

O presidente do Chega diz que o ato até poderia "ser louvável", mas acusou o Primeiro-Ministro de "hipocrisia política e imoralidade", até porque poderão ter sido usados equipamentos do Estado para "finalidades que, não sendo secretas, foram mais privadas do que políticas ou públicas".

"Os equipamentos do Estado, suportados pelo erário público e pelo contribuinte, não devem ser utilizados desta forma", defendeu André Ventura que diz que a situação pode constituir "uma irregularidade, eventualmente até uma ilegalidade, mas, sobretudo, uma enorme imoralidade".

Para Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP, o caso terá de ser "esclarecido pelo Primeiro-Ministro" mas desvalorizou o caso: "não é normal, mas todos os problemas do país fossem esses". Já Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, criticou António Costa por ter visto o jogo de futebol "ao lado de um líder autoritário de extrema-direita".

Luís Montenegro, presidente do PSD, considera "permanuro" tirar conclusões sobre o caso. Enquanto Rui Rocha, da Iniciativa Liberal, fezuma publicaçãocom uma "lista" das notícias do dia que abria com o caso e terminava com a frase: "Enfim, nada de novo. Mais uma sexta-feira normal da governação socialista".

Até ao momento o gabinete do Primeiro-Ministro ainda não fez qualquer comentário sobre o caso, nem justificou o que levou o encontro a não estar marcado na agenda pública.

Com Lusa

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