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Operação Marquês: Mãe transferiu "dezenas de milhares de euros" para José Sócrates

Lusa 14:54
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Questionada pelo Ministério Público sobre a origem dos fundos, Teresa Veríssimo sublinhou que estes nunca foram depositados em dinheiro e associou-os à "venda de um ou dois imóveis".

 A mãe do antigo primeiro-ministro José Sócrates transferiu "dezenas de milhares de euros" para o filho, que desconhecia com frequência quanto dinheiro tinha na conta bancária, testemunhou esta quinta-feira em tribunal uma gerente da Caixa Geral de Depósitos (CGD).

Mãe transferiu dinheiro para José Sócrates, que desconhecia os valores
Mãe transferiu dinheiro para José Sócrates, que desconhecia os valores FILIPE AMORIM/LUSA

"Eram transferências normais, no sentido em que a senhora falava comigo, pedia-me a execução da transferência e nós fazíamos", relatou, no julgamento do processo Operação Marquês, a gerente da conta bancária de José Sócrates entre 2009 e 2014, precisando que os valores movimentados foram na ordem das "dezenas de milhares de euros", sem adiantar quando tal aconteceu.

Questionada pelo Ministério Público sobre a origem dos fundos, Teresa Veríssimo sublinhou que estes nunca foram depositados em dinheiro e associou-os à "venda de um ou dois imóveis".

A bancária disse ainda que o ex-governante "normalmente não tinha" consciência do dinheiro que tinha na conta, tendo existido momentos em que os limites de saldo e 'plafond' dos cartões de crédito foram atingidos ou ultrapassados.

"Recordo-me de ele me ligar a queixar-se que o cartão não estava a funcionar [...] e termos chegado à conclusão que não havia engano nenhum, que o 'plafond' estava esgotado", contou.

José Sócrates, de 67 anos, está pronunciado (acusado após instrução) de 22 crimes, incluindo três de corrupção, por ter, alegadamente, recebido dinheiro para beneficiar em dossiês distintos o grupo Lena, o Grupo Espírito Santo (GES) e o 'resort' algarvio de Vale do Lobo.

O Ministério Público acredita que os subornos chegariam ao primeiro-ministro através de testas-de-ferro e coloca, nesse âmbito, em causa quer a veracidade da venda de imobiliário pela mãe do antigo primeiro-ministro (2005-2011) quer a titularidade de um apartamento em Paris, França.

No total, o processo conta com 21 arguidos, que têm, em geral, negado a prática dos 117 crimes económico-financeiros que lhes são imputados.

O julgamento decorre desde 03 de julho no Tribunal Central Criminal de Lisboa e tem sessões agendadas pelo menos até 18 de dezembro de 2025.

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