Os negócios angolanos e as alegadas comissões ilegais de 2,75 milhões de euros levaram à prim eira detenção do banqueiro. Novos documentos contam toda a história
Eram 20h30 quando Rosário Teixeira acabou de redigir as nove páginas do despacho judicial destinado ao juiz de instrução Carlos Alexandre. A hora tardia foi assinalada pelo procurador do Ministério Público (MP) antes de assinar o documento confidencial que, menos de três dias depois, a 24 de Julho de 2014, serviria para justificar a rocambolesca operação de detenção e o primeiro interrogatório como arguido a Ricardo Salgado no caso Monte Branco.
Como é habitual nestes casos, as suspeitas sobre o ex-banqueiro constavam também no despacho, com Teixeira a escrever que Salgado poderia ter cometido crimes de burla agravada ou de abuso de confiança, de falsificação e de branqueamento de capitais ao receber, em 2010, vários milhões de euros em "comissões ilegais" no âmbito do negócio da venda frustrada da Escom, uma empresa participada maioritariamente pelo Grupo Espírito Santo (GES) e por uma entidade instrumental controlada pelo amigo e empresário Hélder Bataglia.
"(…) verifica-se que (…) se mostra terem sido realizados pagamentos para a esfera da Savoices [um offshore do ex-líder do BES com contas na Suíça e em Singapura], isto é, para a pessoa de Ricardo Salgado, em Novembro de 2010, no total de 2,75 milhões de euros", frisou o procurador, referindo-se em concreto à soma de duas transferências da Green Emerald Investments, uma de 1,5 milhões e outra de 1,25 milhões de euros.
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