O ativista Miguel Duarte afirmou que não existem direitos dos prisioneiros nas cadeias israelitas, e se os detidos portugueses que faziam parte da flotilha tiveram alguma proteção foi por serem europeus e por haver mobilizações por todo o mundo em apoio da flotilha.
A coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, descreveu na noite de domingo como difícil o tempo que esteve presa em Israel mas disse que muito pior deverão passar os detidos palestinianos.
Ativistas portugueses regressam a Lisboa após detenção em Israel, recebidos com festa e protestosRUI MINDERICO/LUSA
"[Percebemos a diferença naquela prisão] entre ser europeus e palestinianos, e por muito que tenha sido difícil para nós, e foi, e por muito que tenha havido abusos, e houve, muitos, isso deu-nos uma ideia do grau de impunidade das forças israelitas contra palestinianos", disse esta noite à chegada a Lisboa.
O ativista Miguel Duarte afirmou também, na mesma altura, que não existem direitos dos prisioneiros nas cadeias israelitas, e se os detidos portugueses que faziam parte da flotilha tiveram alguma proteção foi por serem europeus e por haver mobilizações por todo o mundo em apoio da flotilha.
Os quatro portugueses que fizeram parte da flotilha humanitária Global Sumud e que foram detidos pelas forças israelitas aterraram cerca das 22:30 de domingo, no aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa. Além de Mariana Mortágua e Miguel Duarte chegaram a Lisboa a atriz Sofia Aparício e o ativista Diogo Chaves.
Estavam detidos, em Israel, desde a noite de quarta para quinta-feira passada, quando as forças israelitas intercetaram as cerca de 50 embarcações da Flotilha Global Sumud, que pretendia entregar ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
Mariana Mortágua disse não ter qualquer crítica em relação aos serviços consulares, mas sim para o Governo, por não aplicar sanções a Israel.
A líder bloquista afirmou que na prisão viu "camaradas a serem espancados e levados", que estiveram várias horas algemados e detidos em verdadeiras "jaulas".
Questionada pelos jornalistas se tinha valido a pena, disse que sim, acrescentando que se Israel fez o que fez aos detidos da flotilha imagine-se o que não fará aos prisioneiros palestinianos.
Miguel Duarte falou igualmente dos "camaradas espancados", de detidos 24 e 48 horas sem comer nem beber, alguns com doenças crónicas, como a diabetes, e sem medicação, de pessoas postas "em jaulas ao sol".
O ativista explicou ainda que lhes foram entregues documentos e foram pressionados a assinar, percebendo depois que o documento dizia que os detidos aceitavam que Israel os tinha capturado legalmente e levado para Israel.
"Recusamo-nos a assinar e os soldados israelitas usaram os nossos passaportes e falsificaram as nossas assinaturas para mostrar que nós aceitamos que fomos intercetados legalmente. É preciso ser claro, fomos intercetados ilegalmente e levados contra a nossa vontade para Israel", disse.
Mariana Mortágua referiu também que, enquanto estiveram detidos, desconheciam o que se estava a passar e que entre eles especulavam sobre qual seria a mobilização em Portugal e em cada outro país em relação "à atuação ilegal por parte de Israel".
Os quatro ativistas portugueses que fizeram parte da flotilha humanitária Global Sumud prestaram declarações numa conferência de imprensa improvisada, uma hora e meia depois de o avião ter aterrado em Lisboa.
Ao saírem para o átrio das chegadas do aeroporto foram de imediato envolvidos pela euforia da multidão que os aguardava.
Rodeados de vários polícias, foram escoltados para a entrada do aeroporto onde improvisaram a conferência de imprensa, com as perguntas dos jornalistas e as respostas dos ativistas a serem interrompidas por gritos de alegria e também de crítica ao Governo português.
"Paulo Rangel, pau mandado de Israel" foi das palavras de ordem que mais se ouviu.
Os manifestantes empunharam bandeiras, lenços da Palestina e cartazes com palavras de ordem como "Libertem a Palestina" e "Obrigado Marina, Sofia, Diogo e Miguel por nos representarem".
Entre os manifestantes encontravam-se antigos e atuais dirigentes do Bloco de Esquerda como Francisco Louçã, Catarina Martins, Luís Fazenda, Jorge Costa e outros.
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E se, apesar de, como se costuma dizer, nos ouvirem, monitorizarem movimentos, localização e comportamentos, esta aceleração forçada que nos faz andar depressa demais for, afinal, tão insustentável que acabe por (espero) ter efeito contrário?
O discurso do “combate à burocracia” pode ser perigoso se for entendido de forma acrítica, realista e inculta, ou seja, se dispensar os dados e evidências e assentar supostas verdades e credibilidades em mitos e estereótipos.
Campanhas dirigidas contra Mariana Mortágua mais não são do que inequívocos actos de misoginia e homofobia, e quem as difunde colabora com o que de mais cobarde, vil e ignóbil existe na sociedade portuguesa.