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Mais de mil pessoas protestam e bloqueiam ruas no Porto pela Palestina

Lusa 21:36
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Entre os participantes da flotilha detidos pelas autoridades israelitas constam quatro cidadãos portugueses: a líder do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, a atriz Sofia Aparício e os ativistas Miguel Duarte e Diogo Chaves.

Mais de mil pessoas manifestam-se no Porto a favor da causa palestiniana e contra a detenção de quatro portugueses por Israel, que intercetou a Flotilha Global Sumud, bloqueando ruas em torno da Praça D. João I.

Milhares protestam no Porto contra a violência na Palestina
Milhares protestam no Porto contra a violência na Palestina ESTELA SILVA/ EPA

Pelas 20:00, muitos manifestantes passaram para a rua e bloquearam o trânsito automóvel, subindo depois para o final da Rua Passos Manuel, ali ficando a entoar cânticos a favor da causa palestiniana e exigindo o fim do “genocídio em Gaza”.

Cânticos com frases como "Viva a luta do povo palestino, Israel é um Estado assassino" e palavras de ordem como “Palestina Livre” foram entoados permanentemente ao longo de várias horas na concentração, marcada para as 19:00 no Porto, a par de cerca de duas dezenas de outras cidades portuguesas.

Por entre os cerca de mil manifestantes presentes na Praça D. João I podem ver-se dezenas de bandeiras da Palestina e cartazes que reivindicam liberdade para os integrantes dos barcos intercetados.

“O Porto e mais 20 cidades deste país dizem presente à chamada de solidariedade pela Palestina, à denúncia da incompetência e não presença do Governo português em toda a situação. Se o Governo não responde, respondemos nós”, disse aos jornalistas Andrea Peniche.

Peniche falava por parte da organização da concentração e exigiu também “a libertação dos quatro detidos” por Israel aquando da interceção da flotilha, entre eles a coordenadora do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua.

“Estas vozes vão romper o bloqueio, não apenas do Governo e da inação, mas também do bloqueio a Gaza. A sociedade civil, em todos os países, tem sido capaz de mover as montanhas que competia aos Governos mover”, afirmou.

À Lusa, Carlos Martins destaca a sua adesão a uma “luta que é de todos, de todos mesmo”, coberto por uma bandeira da Palestina pelos ombros, mostrando-se solidário com “um povo que há décadas luta pela existência”.

“Era inevitável uma pessoa estar aqui. Somos humanos, eles são humanos, e a empatia é extremamente forte”, atirou.

Vários manifestantes descreveram o mesmo sentimento de solidariedade à Lusa, exigindo ainda o fim do bloqueio de ajuda humanitária em Gaza e o fim do “genocídio”, uma das palavras mais ouvidas na manifestação.

Com as ruas bloqueadas, tendo a polícia redirecionado, numa primeira fase, o trânsito para outras artérias da cidade, muitos manifestantes continuaram a entoar cânticos pró-Palestina enquanto abanavam uma bandeira palestiniana de grandes dimensões, que antes havia estado estendida frente ao Rivoli, com uma flotilha simbólica, de barcos de papel, colocada sobre o símbolo nacional daquele estado.

Uma habitante polaca no Porto que não se quis identificar explica, à Lusa, que se juntou ao protesto por uma questão de “humilhação” que os Governo ocidentais têm aplicado aos povos, não só ao palestiniano, mostrando-se “zangada com o genocídio”.

Denunciando o Governo português e o polaco pela falta de ação em prol do povo palestiniano, manifestou esperar que protestos como este possam “responsabilizar” esses governantes.

Carlos Martins já havia acompanhado “outras flotilhas” que tentaram ‘furar’ o bloqueio até Gaza, pelo que não ficou “chocado” com a interceção, pedindo ao Governo que possa proteger os detidos portugueses após, no imediato, “não o terem feito nem terem querido saber”.

“Choca-me o que se passa na Faixa de Gaza, na Cisjordânia. Não me chocam, porque os governos da Europa e Estados Unidos têm mostrado que não querem saber. Surpreende-me mais, pela positiva, esta mobilização, as pessoas terem acordado e estarem fartas de ver o que está a acontecer”, afirmou.

A Flotilha Global Sumud, praticamente desarticulada e com mais de 90% dos seus membros detidos – 443 de um total de 500 – pelas forças israelitas, mantém apenas o navio de apoio jurídico "Summertime" no Mediterrâneo, depois da interceção de quase todas as embarcações quando se aproximavam de Gaza.

Entre os participantes da flotilha detidos pelas autoridades israelitas constam quatro cidadãos portugueses: a líder do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, a atriz Sofia Aparício e os ativistas Miguel Duarte e Diogo Chaves.

A guerra em curso em Gaza foi desencadeada pelos ataques a Israel, liderados pelo grupo extremista palestiniano Hamas em 07 de outubro de 2023, que causaram cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.

A retaliação de Israel já provocou mais de 66 mil mortos, a destruição de quase todas as infraestruturas de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.

Israel também impôs um bloqueio à entrega de ajuda humanitária no enclave, onde cerca de 400 pessoas já morreram de desnutrição e fome, a maioria crianças.

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