Advogado lamenta que em dez anos os seus clientes não tenham tido qualquer tipo de compensação. "Uma justiça que se arrasta por décadas, que não responde às necessidades imediatas das vítimas, deixa de ser justiça", acrescentou Nuno Silva Vieira.
O advogado dos mais de dois mil lesados do BES, Nuno Silva Vieira, informou esta terça-feira, no arranque do julgamento, que desde o colapso do Grupo Espírito Santo (GES) já morreram 104 pessoas, passando a ser representados pelos seus filhos e netos, nunca tendo recuperado o seu dinheiro.
TIAGO PETINGA/LUSA
"Os bens arrestados, ainda que à ordem do processo, só existem porque milhares de pessoas sofreram as consequências atrozes de vários crimes. Mais de 100 dos meus clientes já faleceram ao longo deste processo. São vítimas que partiram sem ver justiça feita, sem que os seus direitos fossem devidamente reconhecidos", afirmou o mandatário nas exposições introdutórias realizadas na primeira sessão do julgamento no Juízo Central Criminal de Lisboa.
Silva Vieira lembrou que há situações em que é já a terceira geração das famílias que se envolve no processo, "tendo herdado, não apenas o fardo da perda financeira, mas também o peso emocional e jurídico de um processo que parece interminável".
O advogado lamentou que em 10 anos desde o colapso do BES as vítimas não tenham recebido qualquer forma de compensação.
"O que mais nos preocupa é que, a este ritmo, não sabemos quantos mais 10 anos poderão passar até que este processo tenha um desfecho. E, como bem sabemos, uma justiça que se arrasta por décadas, que não responde às necessidades imediatas das vítimas, deixa de ser justiça", acrescentou ainda o mandatário.
O antigo presidente do BES, Ricardo Salgado, é o principal arguido do caso BES/GES e responde em tribunal por 62 crimes, alegadamente praticados entre 2009 e 2014. Entre os crimes imputados contam-se um de associação criminosa, 12 de corrupção ativa no setor privado, 29 de burla qualificada, cinco de infidelidade, um de manipulação de mercado, sete de branqueamento de capitais e sete de falsificação de documentos.
Além de Ricardo Salgado, estão também em julgamento outros 17 arguidos, nomeadamente Amílcar Morais Pires, Manuel Espírito Santo Silva, Isabel Almeida, Machado da Cruz, António Soares, Paulo Ferreira, Pedro Almeida Costa, Cláudia Boal Faria, Nuno Escudeiro, João Martins Pereira, Etienne Cadosch, Michel Creton, Pedro Serra e Pedro Pinto, bem como as sociedades Rio Forte Investments, Espírito Santo Irmãos, SGPS e Eurofin.
Segundo o Ministério Público, a derrocada do GES terá causado prejuízos superiores a 11,8 mil milhões de euros.
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