Sábado – Pense por si

Duarte Lima, mestre na arte de esconder dinheiro

Eduardo Dâmaso
Eduardo Dâmaso 16 de agosto de 2018 às 07:00

Da lavagem de dinheiro ao investimento em arte, das contas tituladas por familiares e amigos às offshores, do dinheiro na Suiça às avenças, Lima fez tudo.

Domingos Duarte Lima foi levado para a política pela mão de Ângelo Correia era ainda um rapazinho. Tinha 26 anos quando, em 1981, entrou como assessor político e de imprensa do então ministro da Administração Interna num dos governos da Aliança Democrática (AD). Dois anos mais tarde, Lima era já deputado pelo círculo de Bragança e passou a controlar com mão de ferro esta comissão política distrital do PSD. Era o seu feudo pessoal. Uma década depois era já um homem muito rico. Com a ascensão de Cavaco e durante os governos de maioria absoluta, Duarte Lima conquistou grande influência na comissão política nacional do partido, chegando a vice-presidente, e foi líder do grupo parlamentar entre 1991 e 1994. Seria também presidente da distrital de Lisboa, que ganhou a Pedro Passos Coelho e Pacheco Pereira, gastando milhares de euros na inscrição de novos militantes e no pagamento de quotas. Nessa altura, pelos idos anos 90, Duarte Lima era um político muito poderoso nos meandros do cavaquismo e detentor de uma riqueza que não só não escondia como ostentava. Começaram, também aí, as suas dificuldades com a justiça. Notícias do semanário "O Independente" e do Público mostravam o património e o mundo de tráfico de influências em que se movia. Tinha um vasto património imobiliário, pelas suas contas passavam milhões sem correspondência nos rendimentos que declarava, os construtores civis pediam-lhe favores de todas as formas. A mais notada foi um pedido de interferência num concurso público em Trás-os-Montes que lhe chegara ao fax do grupo parlamentar do PSD, enviado por um construtor civil de Mogadouro.

Para continuar a ler
Já tem conta? Faça login

Assinatura Digital SÁBADO GRÁTIS
durante 2 anos, para jovens dos 15 aos 18 anos.

Saber Mais

Gaza e a erosão do Direito Internacional

Quando tratados como a Carta das Nações Unidas, as Convenções de Genebra ou a Convenção do Genocídio deixam de ser respeitados por atores centrais da comunidade internacional, abre-se a porta a uma perigosa normalização da violação da lei em cenários de conflito.

Por nossas mãos

Floresta: o estado de negação

Governo perdeu tempo a inventar uma alternativa à situação de calamidade, prevista na Lei de Bases da Proteção Civil. Nos apoios à agricultura, impôs um limite de 10 mil euros que, não só é escasso, como é inferior ao que anteriores Governos PS aprovaram. Veremos como é feita a estabilização de solos.