Ativistas acusaram Vladimir Pliassov de ser um ativo dentro da Universidade de Coimbra para transmitir "propaganda russa" desde "2022 até aos dias de hoje".
Vladimir Pliassov, responsável pelo Centro de Estudos Russos da Universidade de Coimbra foi despedido após as denúncias de que estaria a desenvolver uma propaganda pró-Putin e a favor da invasão na Ucrânia na universidade.
Ricardo Almeida/CM
As acusações foram feitas por Olga Filipova e Viacheslav Medvediev, que se identificam como ativistas ucranianos, num artigo de opinião publicado noObservador. Vladimir Pliassov é considerado "o primeiro e principal representante da Fundação Russkiy Mir em Portugal", atuando como um transmissor de "propaganda russa" desde "2022 até aos dias de hoje" na Universidade de Coimbra.
A Fundação Russkiy Mir foi criada por Vladimir Putin, em 2007, e apoiou a criação de centro de estudos russos, como o da Universidade de Coimbra ou o Mundo Russo na Universidade do Minho. A Fundação é considerada de uma forma global como próxima do regime russo e veículo de desinformação, uma vez que é financiada pelo Orçamento do Estado russo. Em 2022, foi mesmo incluída na lista de sanções da UE por ser considerada "responsável por apoiar ações que comprometem ou ameaçam a integridade territorial, a soberania e a independência da Ucrânia".
O artigo de opinião defende que "não há informações sobre o término da cooperação com a Fundação Russkiy Mir nowebsiteda Universidade à data de 10.03.2023", mas em maio aCNN Portugalavançou que tanto a Universidade de Coimbra como a Universidade do Minho tinham terminado os protocolos com a fundação.
Olga Filipova e Viacheslav Medvediev referem que muitos dos autores russos estudados na unidade curricular de literatura russa e que os alunos são encorajados a ler defendem a invasão e alguns fazem até parte dos alvos de sanções europeias. Transmitindo a "propaganda imperial russa moderna", ou seja, "não há Ucrânia nem deveria existir".
São também referidas publicações académicas em que Vladimir Pliassov se refere ao estado eslavo de "Rus", que tinha como capital Kiev, como "Rússia antiga" ou a utilização de símbolos russos como a "fita de São Jorge" (com três riscas pretas e duas laranjas). A fita de São Jorge é um símbolo proibido em antigos países da URSS, incluindo a Ucrânia, Geórgia ou Moldávia, e desde 2014 tem sido associada às tropas e manifestantes pró-russos.
Após estas informações terem sido tornadas públicas, Amílcar Falcão referiu, em declarações àRenascença: "A gravidade da situação obriga-me e fazê-lo. A contratação, ou melhor, a existência de um contrato com a Universidade de Coimbra não foi feita com o meu conhecimento. Assim que tomei conta do que se estava a passar dei indicações para a rescisão do contrato e, portanto, a esta hora já deve estar rescindido". O reitor defendeu ainda que esta é "obviamente" uma situação muito grave.
A Universidade de Coimbra também emitiu um comunicado que confirma que "cessou o vínculo com a Fundação Russkyi Mir, que até dezembro de 2021 apoiava o ensino de língua e cultura russa no Centro de Estudos Russos". Uma vez que "atividades letivas do referido Centro de Estudos Russos estariam a extravasar esse âmbito".
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