Para melhorar o país propõem energicamente pactos e fóruns. Reconhecem que há muito mais que os une do que o que os separa.
Em momentos diferentes do debate, os candidatos e
até o moderador concluíram que António José Seguro e Marques Mendes são muitos semelhantes.
Mendes falou em “moderação, democracia e experiência” em comum. Seguro só foi
um pouco mais longe porque disse que um é de centro-esquerda (ele) e outro é de
centro-direita. Seguro acha que há demasiada direita no poder em todos os lados
e é preciso que ele seja eleito para dar “equilíbrio” ao sistema. Mendes diz que
quando Seguro fez parte de um governo do PS (Guterres) na mesma altura de um
presidente do PS (Sampaio) não se queixou.
A marcarem o mesmo território e eleitorado, preocuparam-se
em falar dos mesmos temas que o outro se lembrou de falar antes.
Estão ambos energicamente contra a falta de explicações
sobre a demora na Justiça (a propósito do caso do dia, as escutas a António
Costa no processo Influencer, ainda que Seguro tenha marcado pontos porque
lembrou também o caso do “cartel da banca que foi condenado em dois momentos a
pagar 225 milhões de euros, mas não pagou, porque prescreveu”). Mendes falou em "pactos" para a Justiça, Seguro preferiu começar por “uma reforma na área administrativa
e fiscal”.
Estão de acordo em não dar posse a um Governo do Chega
que tenha medidas inconstitucionais. Discordam ligeiramente sobre o pacote
laboral.
Pontualmente, um ataque ao adversário. Primeiro, o de
Seguro: “A culpa não pode morrer solteira. Marques Mendes diz que é muito
interventivo; é membro do Conselho de Estado há 15 anos, podia ter aconselhado
os presidentes da República a fazerem esse pacto na justiça. Porque não o fez?”.
Mendes, lembrou os socialistas a braços com a Justiça: “Acho que há escutas a mais,
mas não caio na tentação de alguns de as reduzir dramaticamente. Se não
houvesse escutas, José Sócrates não teria a investigação que teve e Armando Vara
não teria a condenação que teve. As escutas são importantíssimas para o combate
à corrupção.”
Seguro, em modo yin, esteve genericamente sério e cerebral. O yang Mendes esteve
enérgico e de olhos nervosos, constantemente prometendo ser muito "ativo".
Destaques do debate
KO:
António José Seguro não tem jeito – nem feitio – para
ataques. A dada altura, quando se falava de corrupção, disse que o país deveria
ter avançado em algumas áreas e deu como exemplo “os processos de privatização”.
Virando-se para Marques Mendes, disse-lhe, timidamente, que “o sotôr esteve
como consultor nalgumas dessas empresas”. Não especificou ao que se estava a
referir e Marques Mendes, naturalmente, não perguntou.
Depois, deu o exemplo do processo de privatização da TAP,
relembrando que na altura (governo de Passos Coelho e Seguro como líder do PS) defendeu
que “devia haver um processo anticorrupção”, “mas o governo do doutor Marques Mendes
fez ouvidos moucos”. Este não deixou passar: “Não consigo perceber. Não estive
em nenhum governo que privatizasse a TAP, foi o de Passos Coelho”. Seguro teve
de corrigir que era “o governo do seu partido”, uma resposta tão fraca como fora
o ataque. “Fez bem em corrigir”, concluiu Marques Mendes. “Essa insinuação não lhe
fica bem”.
Embaraço:
Depois de António José Seguro ter dito que é um candidato
de centro-esquerda, associando isso a um pendor mais social, Marques Mendes
quis responder dizendo que ia avançar forte nessa área, destacando “o combate à
pobreza”. No seu estilo discursivo, que aprimorou no comentário televisivo,
elencou “três pontos”. O primeiro é “um fórum anual” dedicado à pobreza, depois
uma “recomendação” aos partidos para que alargassem os vistos gold a projetos
sociais e finalmente a promessa de que terá mais assessores sociais do que
assessores políticos. Os pobres de Portugal rejubilaram.
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