Social-democrata destacou-se no conteúdo com propostas sobre a corrupção, mas o líder do Chega foi mais contundente nos ataques, nomeadamente sobre a independência do adversário.
A partir de Belém, Luís Marques Mendes e André Ventura querem contribuir para acabar com a corrupção. Isto é tudo o que os une. Já o caminho para lá chegar separa-os por longos quilómetros. Se Ventura tem uma espécie de varinha mágica — "é agarrá-los [aos corruptos]. Eu quero acabar com eles e agora" — Marques Mendes apresentou, no debate televisivo, nesta terça-feira, na SIC, uma proposta: um Conselho de Estado dedicado a este tema.
SÁBADO
Esta foi a prioridade eleita por Marques Mendes para o início do seu mandato, caso vença as eleições Presidenciais de janeiro. Pretende reunir-se logo com os representantes do Supremo Tribunal de Justiça, da Procuradoria-Geral da República e da Polícia Judiciária para levar ideias para esse Conselho de Estado. Além disto, o social-democrata definiu quatro eixos para iniciar a sua hipotética magistratura de influências: combater a morosidade da justiça; as "manobras delatoras em vários julgamentos"; o "excesso de corporativismo do Ministério Público" e evitar que haja uma "justiça para ricos e outra para pobres".
Já o líder do Chega perdeu-se no diagnóstico de um país de "corruptos" e de "ladrões", enumerou de punho fechado; garantindo que o seu partido já apresentou propostas para "resolver a corrupção" no parlamento. A solução? "Quem andou a roubar tem de ficar sem património. É agarrá-los".
Na generalidade do debate, Marques Mendes marcou pela positiva no conteúdo das suas intervenções, tendo conseguido apresentar a sua agenda e concretizar medidas na área da Justiça — e até desferiu alguns golpes a Ventura (o silêncio do líder parlamentar do Chega, Pedro Pinto, durante o discurso do presidente angolano, nas comemorações dos 50 anos da independência deste país, texto que Ventura tem criticado muito). Mas André Ventura libertou-se sempre com desenvoltura das acusações e na fase final encontrou na alegada falta de independência de Marques Mendes um filão.
"É a marioneta de Luís Montenegro", acusou Ventura, sugerindo que o candidato do PSD é excessivamente tolerante com este Governo. "O senhor nunca foi um homem independente", acrescentou.
Destaques do debate
KO: Perante as tentativas de defesa da sua honra, Marques Mendes ainda recorda que, enquanto líder do PSD, afastou "vários presidentes de câmara com problemas com a justiça", o que terá criado "enormes problemas" para si. Mas Ventura traz um exemplo impresso da dicotomia no discurso de Mendes: em 2017, depois dos incêndios de Pedrogão Grande, durante o governo de António Costa, o candidato do PSD pediu que se retirassem responsabilidades políticas. Já este ano, durante a época de incêndios, Marques Mendes assume que "este não é o momento de levantar suspeitas". Mendes não responde a este exemplo.
Embaraço: O golpe foi desferido por Marques Mendes, quando Ventura vexa este candidato pela ideia do Conselho de Estado sobre corrupção. Nesta altura, Mendes recorda que, no ano passado, Ventura propôs um Conselho de Estado sobre segurança. "Mas agora a minha proposta já não é importante?", provoca.
Debate. Marques Mendes, "a marioneta de Montenegro", vs Ventura, o “senhor sem sentido de Estado”
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