Sábado – Pense por si

Crescimento da economia portuguesa deverá voltar a desacelerar em 2024

Lusa 15 de dezembro de 2023 às 08:22
As mais lidas

Economistas apontam para um crescimento entre 1% e 1,5% em 2024, e um cenário "de riscos significativos, sobretudo negativos".

O novo ano deverá trazer uma desaceleração do crescimento da economia portuguesa, com uma expansão do PIB entre 1% a 2%, segundo os economistas consultados pela Lusa, que esperam uma ligeira recuperação do consumo privado e investimento.

Cofina Media

O abrandamento esperado para 2024 está em linha com a desaceleração esperada para a zona euro, numa altura em que a guerra na Ucrânia e o novo conflito entre o Hamas e Israel continuam a pesar no sentimento económico.

Depois da expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 6,8% em 2022, o crescimento da economia portuguesa já desacelerou em 2023, apesar de um comportamento favorável acima do esperado, e deverá voltar a ficar aquém do ano anterior.

"Aponto para um crescimento da economia portuguesa entre 1% e 1,5%, com um contributo de cerca de um ponto percentual com origem na procura interna - com um crescimento positivo, mas reduzido, do consumo privado e um crescimento mais incerto do investimento - e um contributo entre o nulo e o ligeiramente positivo com origem na procura externa líquida", assinala o economista e professor do ISEG António Ascenção Costa.

Uma visão partilhada pelo economista e diretor do gabinete de estudos do Fórum para a Competitividade, Pedro Braz Teixeira, que aponta para um crescimento entre 1% e 1,5% em 2024, num cenário "de riscos significativos, sobretudo negativos".

Pedro Braz Teixeira acredita que as exportações podem voltar a crescer, "ainda que de forma limitada, interrompendo as quedas dos últimos meses", uma vez que a economia da União Europeia poderá "recuperar do ano muito fraco que está a terminar, embora não deva ainda conseguir crescer em linha com a tendência de médio prazo".

Em termos internos, aponta a expectativa de que "se inicie o ciclo de descida das taxas de juro do Banco Central Europeu (BCE), que deverá começar a sentir-se nas Euribor por antecipação, ainda antes das diminuições terem lugar".

"Há um grande debate sobre o ritmo de queda das taxas de referência, mas não há grandes dúvidas de que deverão começar a baixar. Assim, isso deverá aliviar o consumo privado, com a redução das prestações do crédito à habitação, para além de permitir uma recuperação do investimento", refere.

O economista destaca que as perspetivas futuras também deverão estimular o investimento, bem como os esperados avanços quer no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), "quer nas medidas de fomento da habitação, que se esperam do novo governo".

A fragilidade das perspetivas para a economia mundial em 2024, que condicionam a economia portuguesa, é também apontada pelo economista e coordenador do NECEP -- Católica-Lisbon Forecasting Lab, João Borges de Assunção.

"O nosso cenário central para a economia portuguesa vai da estagnação ao crescimento de 2% com um ponto central de 1%", indica.

O economista assinala que em Portugal "o crescimento pode vir mais do consumo privado já que a procura externa e o investimento se perspetivam também frágeis, apesar dos efeitos positivos do PRR".

No Orçamento do Estado para 2024 (OE2024), o Ministério das Finanças aponta para uma desaceleração do crescimento do PIB dos 2,2% registados em 2023 para 1,5% em 2024.

Entre as principais instituições económicas nacionais e internacionais, o Banco de Portugal (BdP) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) também preveem uma expansão do PIB de 1,5% em 2024, com o Conselho das Finanças Públicas (CFP) a apontar para 1,6%.

Por seu lado, a Comissão Europeia espera um crescimento de 1,3%% e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) de 1,2%.

Artigos Relacionados
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!

As 10 lições de Zaluzhny (I)

O poder não se mede em tanques ou mísseis: mede-se em espírito. A reflexão, com a assinatura do general Zaluzhny, tem uma conclusão tremenda: se a paz falhar, apenas aqueles que aprendem rápido sobreviverão. Nós, europeus aliados da Ucrânia, temos de nos apressar: só com um novo plano de mobilidade militar conseguiríamos responder em tempo eficaz a um cenário de uma confrontação direta com a Rússia.