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Centro Hospitalar de Lisboa Central confirma proposta de €500/hora para médico

Uma entidade referiu "a eventual disponibilidade de um médico para trabalhar por 500€/hora", indica o Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, a que pertence a Maternidade Alfredo da Costa.

Depois de o Ministério da Saúde ter insistido que uma empresa de prestação de serviços médicos pediu €500/hora por um anestesista que trabalhasse no Natal na Maternidade Alfredo da Costa, o Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central (CHULC) confirma essa proposta. Porém, apesar de questionado pela SÁBADO, não indicou qual foi a empresa que pediu esse valor.

"O CHULC confirma receção, por parte de uma das entidades adjudicatárias, de referência a eventual disponibilidade de um médico para trabalhar, nestes dias [24 e 25 de Dezembro], por 500€/hora", indica fonte oficial do CHULC. 

"O Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central (CHULC) elaborou procedimentos para aquisição de serviços médicos na Área de Anestesiologia a entidades prestadoras de serviço, dentro dos valores de referência estabelecidos através do Despacho 3027/2018, para satisfazer as necessidades desta especialidade nos dias 24 e 25 de Dezembro. As entidades adjudicatárias não conseguiram suprir as necessidades para os dias referidos ou por indisponibilidade dos anestesistas com os quais têm contrato, ou por estes não aceitarem o valor a pagar, valores estes estabelecidos por despacho e que nada têm a ver com os montantes que têm vindo a público sobre esta matéria", relata. 

Último Censos aponta mais de 500 anestesistas em falta nos hospitais do SNS 

Mais de 500 anestesistas estão em falta nos hospitais públicos em Portugal, segundo o último Censos de Anestesiologia, divulgado em junho, uma realidade que neste Natal ficou visível na maior maternidade do país.

A falta de anestesistas nas escalas do dia 24 e 25 de dezembro levou a que a Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, apenas recebesse nesses dias as urgências, passando as restantes utentes para outros hospitais. 

De acordo com o Censos de Anestesiologia de 2017, faltavam 541 médicos anestesiologistas nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS). 

O mesmo estudo, divulgado na Acta Médica Portuguesa, veio mostrar que, até 2017, cerca de um terço dos anestesistas formados nos últimos anos optou por não trabalhar no SNS. 

Em três anos formaram-se 145 especialistas em anestesiologia e 99 é que terão ingressado nos quadros médicos dos hospitais do SNS, o que representa 68%. 

Segundo o Censos, que analisou a realidade em 86 hospitais, há cerca de 1.280 anestesistas a trabalhar no SNS, o que dá um rácio de 12,4 profissionais por 100 mil habitantes. Em 2014, o rácio era ainda menor, de 12,0. 

Há ainda 262 anestesistas a trabalhar apenas em unidades privadas de saúde, fazendo com que o rácio passe a ser de 15,1 por 100 mil habitantes. 

A Federação Mundial de Sociedades de Anestesiologia recomenda que o rácio seja de 17,9 anestesistas por 100 mil habitantes. 

Apesar de um crescimento de 2% no número de anestesistas nas unidades públicas, as necessidades dos hospitais têm sido ainda mais crescentes. Foram identificadas mais de 615 mil intervenções cirúrgicas com necessidade de um anestesista, o que representa um acréscimo de 3,4% em relação a 2013.

Apesar de ter havido um ligeiro aumento no rácio dos anestesistas de 2014 para 2017, a região de Lisboa e Vale do Tejo e a do Algarve registaram um decréscimo.

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