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"Achei que poderia ser útil”: Maria João Ruela diz ter pedido contacto dos pais das gémeas mas não o ter usado

CM , Lusa 24 de julho de 2024 às 15:18
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Assessora para os Assuntos Sociais na Presidência da República está a ser ouvida esta quarta-feira na Comissão Parlamentar de Inquérito ao caso das gémeas luso-brasileiras.

Maria João Ruela, assessora da Presidência, contou que desde 2018 chegaram mais de 32 mil cartas e emails à assessoria dos assuntos sociais da presidência. 

A assessora refere que a 21 de outubro de 2019 recebeu um email do Chefe da Casa Civil, Frutuoso Melo, acerca de uma mensagem, cujo remetente era Nuno Rebelo de Sousa, sobre as gémeas luso-brasileiras. 

Maria João Ruela ficou de perceber a situação das irmãs e perguntou se estas se encontravam em Portugal. O filho de Marcelo explicou que as crianças estavam em São Paulo, no Brasil, mas que estariam prontas para vir para Portugal para receber o tratamento com o medicamento Zolgensma. 

Maria João Ruela garante que nunca utilizou outro meio para entrar em contacto com Nuno Rebelo de Sousa. Conta que teve acesso ao contacto dos pais das meninas, mas que também nunca o chegou a utilizar.

Depois de considerar que tinha feito aquilo que estava dentro das suas possibilidades relativamente ao caso, voltou a receber um email do filho de Marcelo para saber em que termos tinha ficado o processo. A partir daí, decidiu perguntar a Frutuoso Melo o que deveria fazer. 

"O doutor Nuno Rebelo de Sousa queixou-se ao meu chefe daquilo como percecionou como inação da minha parte", diz. Afirmou ainda que cessou a troca de correspondência com Nuno Rebelo de Sousa em 23 de outubro de 2019.

A assessora da Casa Civil da Presidência da República afrimou ainda que o caso foi "tratado de forma idêntica" a outros. "Todo o processo foi por mim tratado de forma idêntica a todos os outros que tenho acompanhado ao longo dos últimos oito anos na Presidência da República", sublinhou.

A assessora do Presidente da República explicou que teve acesso a um texto, elaborado por familiares das crianças, no qual era referido que "já teria sido enviada documentação" – histórico, diagnóstico, exames e relatórios – para o médico José Pedro Vieira, a pedido de Teresa Moreno.

Segundo Maria João Ruela, tinha sido recebida a sugestão para contactar o Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Lisboa Central, do qual faz parte o Hospital Dona Estefânia.

A assessora de Marcelo Rebelo de Sousa lembrou o caso da bebé Matilde que "tinha ocorrido nesse mesmo ano" e que havia "relato de situações com outros bebés".

Maria João Ruela disse ainda que, além da comissão parlamentar de inquérito, nunca foi "ouvida nem demandada para esclarecimentos por qualquer outra entidade".

A ex-jornalista lembrou que, desde 2016 até ao final do ano passado, "chegaram à assessoria dos assuntos sociais e comunidades portuguesas 32.864 mensagens, entre cartas e ‘mails’".

"No ano a que reportam os factos, 2019, foram recebidas na assessoria dos Assuntos Sociais e Comunidades um total de 4.947 cartas ou ‘mails’ de cidadãos, e destes 434 foram enviados ao gabinete do primeiro-ministro", incluindo 64 mensagens de apelo para a bebé Matilde, disse, avançando que "nos primeiros seis meses deste ano, das 1.377 cartas recebidas", 272 foram enviadas para o gabinete do primeiro-ministro.

A audição de Maria João Ruela foi interrompida durante cerca de 5 minutos por barulho relacionado com obras, que decorrem na Assembleia da República.

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