Tess Ingran, porta-voz da agência da ONU para a infância para o Médio Oriente, salientou que em todos os centros de ajuda que visitou "existem pais desesperados a tentar encontar ajuda para os seus filhos, que estão desnutridos e fracos".
Os casos de subnutrição de crianças na Faixa de Gaza mais que quintuplicaram nos últimos cinco meses, passando de 2.000 em fevereiro para quase 13.000 em julho, disse à Lusa uma responsável da UNICEF.
Desnutrição infantil aumenta em Gaza, com 13.000 casos identificados pelo UNICEFAP Photo/Jehad Alshrafi
"Todos os meses, nos últimos cinco meses, os dados mostram-nos que o número de crianças diagnosticadas com subnutrição aumentou", disse a porta-voz da agência da ONU para a infância para o Médio Oriente, Tess Ingran, sublinhando tratar-se de "um aumento muito grande num curto espaço de tempo".
Em entrevista à Lusa, a representante da UNICEF referiu que em alguns locais da Faixa de Gaza, como Khan Yunis (sul), "se a situação não se alterar, deverão passar fome nas próximas semanas".
Quando questionada sobre as posições do Governo israelita, que afirma não existir fome em Gaza, Ingram defende que "se não acreditam, devem deixar os jornalistas entrar" - desde o início da ofensiva israelita no enclave palestiniano, em 07 de outubro de 2023, o Governo de Benjamin Netanyahu não permite a entrada de imprensa estrangeira.
"Conheci crianças com 2 anos que costumavam andar, mas que já não andam, crianças que estão a perder a visão por causa da má nutrição, crianças cujo cabelo caiu e crianças que estão tão fracas que não conseguem chorar ou falar", relatou.r
A responsável da UNICEF salientou que em todos os centros de ajuda que visitou "existem pais desesperados a tentar encontar ajuda para os seus filhos, que estão desnutridos e fracos".
Questionada sobre o que poderia ser feito para reverter esta situação, a responsável da UNICEF sublinhou que a resposta é simples: "deixar a ajuda entrar".
"As crianças começam a passar fome e a morrer porque o que precisam não lhes está a chegar, por isso, [a solução] é abrir todos os pontos de passagem para a Faixa de Gaza, permitir a entrada de ajuda através das Nações Unidas e dos nossos parceiros humanitários, como provámos ser possível durante o cessar-fogo, quando podíamos trazer 600 camiões por dia", acrescentou.
Ingram salientou que a atual situação se verifica "não pela falta de alimentos, mas pela falta de acesso aos alimentos".
"Hoje vi com os meus próprios olhos que há muitas crianças na cidade de Gaza que sofrem de subnutrição. Fui a uma clínica da UNICEF onde estávamos a verificar o nível de nutrição das crianças. Todas as crianças que entraram, exceto uma, enquanto eu lá estava, tinham desnutrição aguda. A única criança que não tinha desnutrição aguda tem estado a receber tratamento da UNICEF nas últimas semanas e tem melhorado", afirmou.
A ONU declarou a fome na província de Gaza na sexta-feira, a primeira vez no Médio Oriente, e alertou que a situação deverá alargar-se às províncias de Deir el-Balah (centro) e Khan Yunis (sul) até ao final de setembro.
A situação de fome em Gaza e nas cidades vizinhas afeta mais de meio milhão de pessoas, de acordo com a ONU.
Israel negou a existência de fome na Faixa de Gaza e acusou a ONU de veicular uma narrativa falsa do Hamas, o grupo extremista que governa o enclave palestiniano desde 2007.
A guerra, desencadeada pelos ataques do Hamas contra Israel, em 07 de outubro de 2023, já provocou pelo menos 62.744 mortos e 157.259 feridos, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza controlado pelo Hamas.
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