O apresentador da Fox News mandou uma mensagem em que criticava abertamente o presidente norte-americano. Mas na televisão defendia a sua inocência.
Tucker Carlson, apresentador da Fox News, disse que "odiava ardentemente" o antigo presidente norte-americano Donald Trump. As declarações foram feitas ao mesmo tempo que o defendia na televisão e dias antes do ataque ao Capitólio.
REUTERS/Lucas Jackson
Esta terça-feira, Carlson divulgou imagens do vídeo de segurança da invasão do Capitólio a 6 de janeiro, no qual se veem seguranças a escoltar manifestantes pelo edifício. O apresentador tem defendido que se tratou de um "caos pacífico" que evoluiu a partir de um protesto na sequência da vitória de Joe Biden sobre Donald Trump.
Segundo os documentos que foram tornados públicos esta segunda-feira, 6, como parte do processo de 1,6 mil milhões de dólares da Dominion Voting Systems, Tucker Carlson escreveu uma mensagem enviada a 4 de janeiro (dois dias antes da invasão do Capitólio) em que afirmou: "Estamos mesmo, mesmo perto de conseguir ignorar o Trump na maioria das noites. Mal posso esperar". Na mensagem enviada a um trabalhador da estação televisiva podia ainda ler-se: "Eu odeio-o ardentemente... Ele é bom é a destruir coisas. É o campeão mundial nisso. Ele pode destruir-nos facilmente se não tratarmos disto bem". Dezenas de comentadores da Fox News têm tratado o ataque ao Capitólio como um protesto pacífico.
Esta não é a primeira crítica oficiosa por parte de colaboradores da Fox News. Recentemente, foi partilhada uma mensagem de Laura Ingraham, uma das estrelas da cadeia televisiva, a acusar a advogada Sidney Powell de ser "totalmente louca" e de "ninguém querer trabalhar nunca mais na vida com ela, nem com o Rudy [Giuliani]", outro dos advogados do antigo presidente e ex-presidente da câmara de Nova Iorque.
Que processo é este?
A Dominion Voting Systems, que vende software de votação eletrónica, processou a Fox News por difamação, argumentando que alguns dos apresentadores fizeram alegações falsas em como o software e hardware de votação eletrónica fizeram com que os resultados das eleições fossem fraudulentos. A Fox News respondeu afirmando que a Dominion estava a usar táticas de "desinformação" para difamar a cadeia e "atropelar o direito à liberdade de expressão e de imprensa". Rupert Murdoch, presidente da Fox Corporation, reconheceu que alguns dos apresentadores da Fox News "apoiaram" teorias infundadas acerca das eleições presidenciais, revelam ainda os documentos. "Alguns dos nossos comentadores apoiaram-nas [alegações falsas de que as presidenciais de 2020 foram roubadas a Trump]", admitiu Murdoch, sob juramento, quando questionado, no processo de difamação, se algum dos analistas da estação - Lou Dobbs, Maria Bartiromo, Jeanine Pirro e Sean Hannity - defenderam a alegação falsa de que a vitória eleitoral não era de Biden.
Entre os nomes de comentadores que "endossaram" estas teorias e nomeadas por Murdoch contam-se Sean Hannity, Jeanine Pirro e Maria Bartiromo. Mas o empresário negou ter impulsionado os comentadores a "navegarem" a narrativa.
Carlson, um dos principais nomes atuais da Fox News, recebeu vídeos de segurança do Capitólio diretamente de Kevin McCarthy, presidente da Câmara dos Representantes. No total são cerca de 40 mil horas de imagens que o apresentador tem revelado no seu programa. Têm sido feitas muitas críticas às escolhas editoriais do apresentador, com o chefe da polícia de Washington, Tom Manger, a dizer que "as imagens foram editadas de forma a induzirem conclusões enganadoras".
Já a família de um agente que morreu na invasão - Brian Sicknick - disse estar a ser alvo de um ataque por parte de "alegadas cadeias noticiosas sem escrúpulos".
A comissão que investigou a invasão do Capitólio por apoiantes de Trump indicou que este ataque causou a morte de nove pessoas, incluindo suicídio por elementos das autoridades. Mais de mil pessoas foram acusadas de vários crimes, incluindo conspiração.
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