O presidente dos Estados Unidos e o príncipe saudita mantêm uma relação próxima que não foi abalada nem pelas questões de jornalistas relativas à morte do jornalista Jamal Khashoggi.
O príncipe herdeiro da Arábia Saudita foi à Casa Branca anunciar um investimento na economia norte-americana de um bilião de dólares (cerca de 860 mil milhões de euros) e reforçar as relações diplomáticas dos dois países. Esta foi também a primeira visita de um líder saudita aos Estados Unidos desde o assassinato, em 2018, do jornalista crítico do governo saudita Jamal Khashoggi, que se encontrava exilado nos Estados Unidos.
Trump recebe bin Salman na Casa Branca para discutir relações bilateraisAP PhotoMark Schiefelbein
Depois de uma investigação da CIA ter dado o envolvimento de Mohammed bin Salman como provado na morte do jornalista, Donald Trump afirmou na noite de terça-feira que bin Salman “não sabia de nada” e até enalteceu a posição do príncipe herdeiro “em termos dos direitos humanos”.
Desde que Trump chegou à Casa Branca que tem expressado a sua admiração pela Arábia Saudita, escolhida para primeira viagem ao estrangeiro durante o seu primeiro mandato e também como um dos destinos da sua primeira grande viagem no segundo mandato. Mohammed bin Salman foi também o primeiro líder mundial a falar com Trump depois da sua tomada de posse.
Eis alguns dos momentos mais marcantes da relação entre Donald Trump e a Arábia Saudita.
A primeira visita oficial
Em 2017 Trump foi recebido com uma elaborada cerimónia de boas-vindas que incluiu uma demonstração da Força Aérea e a oferta de uma medalha do Estado, a mais alta honra atribuída a um estrangeiro na Arábia Saudita. O norte-americano participou num jantar real onde houve uma demonstração de Arfha, uma dança tradicional com espadas.
Nessa altura foi assinado um acordo de armamento com o reino do Golfo Pérsico no valor de 110 mil milhões de dólares que incluía sistemas de defesa antimíssil, navios de guerra, tanques e outros veículos.
Primeiro encontro com o príncipe herdeiro
No ano seguinte, Mohammed bin Salman, já como príncipe herdeiro, encontrou-se com Trump na Casa Branca durante uma viagem de três semanas aos Estados Unidos. Na Sala Oval, Trump exibiu um cartaz onde mostrava as recentes compras de armas que os sauditas tinham feito aos Estados Unidos, no valor de mais de 12,5 mil milhões de dólares.
Nessa ocasião, Jared Kushner, genro do presidente e enviado especial para o Médio Oriente, recebeu o príncipe herdeiro em vários jantares formais.
A morte de Khashoggi
Em outubro desse mesmo ano, Jamal Khashoggi desapareceu depois de entrar no consulado saudita em Istambul e as autoridades turcas concluíram que o colunista do Washington Post foi morto e esquartejado por uma equipa de quinze sauditas enviada para Istambul. Nessa altura, Riade disse que Khashoggi saiu vivo do consulado e que não havia informações sobre o seu paradeiro ou destino.
Mais tarde, o reino acabou por admitir que o jornalista tinha sido morto dentro do consulado por agentes sauditas numa operação clandestina que terminou com confrontos. As conclusões dessa investigação permitiram absolver o príncipe herdeiro de qualquer envolvimento.
O caso gerou uma onda de reações internacionais, incluindo vários legisladores do Congresso, o que abrandou os esforços de Trump para estreitar os laços com o reino do Médio Oriente. Um mês depois da morte de Khashoggi, a CIA concluiu, com um elevado grau de certeza, que o príncipe herdeiro ordenou o assassinato. A avaliação da agência norte-americana baseou-se em múltiplas fontes de inteligência incluindo uma chamada entre o irmão do príncipe herdeiro e o jornalista.
Na sequência destas conclusões, os senadores norte-americanos aprovaram uma medida para afastar o país da guerra liderada pela Arábia Saudita no Iémen e uma resolução para responsabilizar Mohammed bin Salman pela morte. No entanto, Trump sempre questionou a decisão: “Talvez nunca venhamos a saber todos os fatos que rodeiam o assassinato do senhor Jamal Khashoggi. De qualquer forma, a nossa relação é com o reino da Arábia Saudita”.
Ataques do Houthis
As instalações petrolíferas na Arábia Saudita foram atacadas, a 14 de setembro de 2019, com mísseis de cruzeiro e drones, que foram capazes de interromper cerca de metade da sua produção. O ataque foi reivindicado pelos rebeldes Houthis do Iémen.
O grupo foi capaz de contornar os sistemas de defesa sauditas, levantando questões sobre a capacidade do reino para defender o seu território. Posteriormente Trump afirmou que os Estados Unidos não tinham obrigação de proteger a Arábia Saudita e que se houvesse um conflito teriam de pagar por mais armas.
O regresso de Trump à Casa Branca
Antes de vencer as eleições de 2021 Joe Biden tinha prometido tornar a Arábia Saudita no Estado pária, algo que não cumpriu durante o mandato e chegou mesmo a visitar o país do Médio Oriente em 2022. Nessa visita foram assinados vários acordos, incluindo sobre energia, segurança e a guerra no Iémen.
Depois disso houve mais acordos negociados entre os dois países, incluindo para a normalização das relações entre a Arábia Saudita e Israel, questão que ficou fora da mesa depois do início da invasão israelita a Gaza.
Trump vence as eleições presidenciais norte-americanas de 2024 e visita a Arábia Saudita na sua primeira grande viagem internacional do segundo mandato. O presidente norte-americano foi novamente recebido com uma cerimónia tradicional e uma guarda de honra.
As relações entre os dois mantém-se próximas e, na terça-feira, bin Salman foi recebido na Casa Branca e Trump defendeu-o das acusações relacionadas com o assassinato de Khashoggi.
“Muitas pessoas não gostavam do senhor de quem está a falar”, disse o presidente dos Estados Unidos em resposta a uma questão de Mary Bruce, jornalista da ABC. “Podemos parar por aqui. Não tem de constranger o nosso convidado fazendo uma pergunta dessas”, continuou.
É esperado que sejam assinados acordos sobre armas, inteligência artificial e minerais críticos. Na segunda-feira, o líder norte-americano já tinha dito aos jornalistas que pretendia aprovar a venda de caças F-35 à Arábia Saudita.
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