Investimentos sauditas bilionários e a venda de caças F-35
Já na Sala Oval numa conversa sobre os negócios de ambas as nações, o príncipe Mohammed disse que a Arábia Saudita “acredita no futuro dos Estados Unidos” e vai aumentar o seu compromisso de investir 600 mil milhões de dólares no país para quase um bilião de dólares. Contudo, segundo relata o jornal norte-americano The New York Times esse é o valor do fundo soberano do reino saudita.
Questionado sobre o quão realista é o investimento, o herdeiro respondeu que não está “a criar oportunidades falsas para agradar aos Estados Unidos ou a Trump” e que a Arábia precisa de poder computacional e deseja chips norte-americanos.
Antes da chegada do príncipe Mohammed, Trump anunciou a venda de caças F-35 aos sauditas, apesar de algumas preocupações dentro do governo de que a venda poderia levar a China a obter acesso à tecnologia norte-americana por trás do sistema de armas avançado.
Este plano também causou alguma preocupação em Israel, um dos maiores aliados dos Estados Unidos e o único país do Médio Oriente conhecido atualmente por possuir este tipo de caças, que lhes dá alguma vantagem sobre os vizinhos árabes.
De acordo com o The New York Times, apesar do gabinete do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, ainda não se ter pronunciado sobre esta venda, os grupos de oposição foram rápidos em culpar o chefe do Governo ao dizer que ele não conseguiu pressionar a administração Trump contra este negócio. “O governo israelita perdeu a sua capacidade de influenciar decisões críticas para a segurança nacional”, disse Gadi Eisenkot, ex-chefe do Estado Maior israelita.
Laços com Israel só depois da solução de dois Estados
Outro tema em cima da mesa é a situação de conflito no Médio Oriente. Durante o primeiro mandato Trump ajudou a estabelecer laços comerciais e diplomáticos entre Israel e Bahrein, Marrocos e os Emirados Árabes Unidos através dos Acordos de Abraão. Agora a Arábia Saudita também quer fazer parte deste esforço.
O príncipe Mohammed disse querer estabelecer ligações comerciais e diplomáticas com Israel, mas antes disso quer ter a certeza de que há “um caminho claro para uma solução de dois Estados” entre Israel e a Palestina. O líder quer que os israelitas e os palestinianos “coexistam pacificamente” na região.
Estará ainda “em discussão” a contribuição de dinheiro saudita para os esforços de reconstrução da Faixa de Gaza. No entanto, o príncipe esclarece que não está interessado em envolver-se na reconstrução ou no policiamento de Gaza num momento em que o seu capital financeiro é limitado e diz estar focado nas prioridades económicas internas.
O Conselho de Segurança da ONU aprovou esta segunda-feira um plano dos Estados Unidos para Gaza que autoriza uma força internacional de estabilização para garantir segurança no território e prevê um possível caminho para um Estado palestiniano.
Ao longo da última década o príncipe aumentou a repressão política na Arábia Saudita, apesar de ter diminuído as restrições e aumentado as liberdades das mulheres. Ainda assim, o que mantém as críticas por parte de grupos de direitos humanos é a repressão à dissidência e o aumento de execuções.
Na semana passada a Amnistia Internacional afirmou em comunicado, citado pelo The New York Times, que ainda não tinha sido feita “justiça” pela morte de Jamal Khashoggi e que o encontro do príncipe Mohammed com Donald Trump ocorre num momento em que “as condições dos direitos humanos tanto na Arábia Saudita como nos Estados Unidos continuam a piorar”.