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Trump e a Venezuela: "porque é que os EUA não podem invadir simplesmente este país conturbado?"

04 de julho de 2018 às 18:51
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Presidente dos EUA fez a pergunta no fim de uma reunião na Sala Oval que tinha sido marcada para discutir as sanções contra o país liderado por Maduro, em Agosto de 2017.

O presidente dos EUA, Donald Trump, questionou, em Agosto passado, os seus principais conselheiros se a solução para lidar com a instabilidade política na Venezuela poderia passar por uma eventual invasão militar, revelou nesta quarta-feira a agência Associated Press. Segundo a agência noticiosa norte-americana, Trump fez a pergunta no fim de uma reunião na Sala Oval (gabinete presidencial na Casa Branca) que tinha sido marcada para discutir as sanções contra a Venezuela, país liderado por Nicolás Maduro desde 2013 e que atravessa uma grave crise económica, social e humanitária.

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"Com a rápida degradação da Venezuela a ameaçar a segurança regional, porque é que os Estados Unidos não podem invadir simplesmente este país conturbado?", disse Donald Trump, de acordo com a Associated Press que cita um alto funcionário da administração norte-americana que teve acesso a esta conversa ocorrida em Agosto de 2017.

A sugestão de Trump implícita na pergunta surpreendeu os funcionários presentes na reunião, incluindo o então secretário de Estado, Rex Tillerson, e o então conselheiro de segurança nacional, o general H.R. McMaster, referiu a AP. Estes dois elementos saíram, entretanto, da administração norte-americana.

Durante a breve troca de palavras, que durou cerca de cinco minutos, McMaster e os outros responsáveis presentes na sala tentaram explicar a Donald Trump as consequências graves de uma eventual acção militar norte-americana na Venezuela e de que forma isso poderia significar a perda do apoio dos governos latino-americanos, importantes para travar a influência de Maduro na região, disse à AP a mesma fonte, que falou sob anonimato.

Na altura, Trump acabou por acatar as explicações dos conselheiros, mas sem deixar de apontar casos de invasões norte-americanas naquela região que, na opinião do próprio, foram bem-sucedidas, como por exemplo no Panamá em 1989.

Mas a ideia de derrubar o regime de Maduro através de uma possível acção militar ainda persistiu na cabeça de Trump.

No dia seguinte à reunião na Sala Oval, a 11 de Agosto, Trump fazia declarações públicas que o comprovavam.

"Temos muitas opções para a Venezuela. Não vou descartar uma opção militar", afirmou na altura, citado pelos media norte-americanos. "É um país vizinho. Temos tropas em todo o mundo em locais muito, muito longe. A Venezuela não é distante, as pessoas estão a sofrer e estão a morrer. Temos muitas possibilidades para a Venezuela, incluindo a de uma opção militar se necessário", reforçou então.

A fonte citada hoje pela AP relatou ainda que Trump voltou pouco tempo depois a levantar a questão (de uma eventual invasão) durante uma conversa com o então Presidente da Colômbia e Nobel da Paz Juan Manuel Santos. Dois altos funcionários colombianos que falaram sob anonimato confirmaram esta informação.

Um mês depois da reunião na Casa Branca, e à margem da Assembleia-Geral da ONU, Trump voltou a abordar a questão durante um jantar privado com os líderes de quatro países latino-americanos aliados dos Estados Unidos, entre os quais constava Juan Manuel Santos.

O alto funcionário da administração norte-americana citado pela AP relatou que os assessores disseram especificamente a Donald Trump para não abordar a questão de uma eventual invasão da Venezuela, mas a primeira coisa que o Presidente disse no decorrer do jantar foi no sentido contrário.

"A minha equipa disse-me para não dizer isto", declarou então Trump, perguntando depois aos líderes latino-americanos se continuavam a não querer uma solução militar para a Venezuela.

A fonte citada pela AP referiu que todos os líderes presentes responderam de forma clara a Trump e confirmaram que não queriam uma solução militar.

A Venezuela, país que conta com uma importante comunidade portuguesa, atravessa uma grave crise económica, social e humanitária que já obrigou milhares de pessoas a fugirem daquele território, atravessando as fronteiras em direção ao Brasil e à Colômbia.

Em maio passado, as eleições presidenciais antecipadas na Venezuela, fortemente contestadas pela oposição venezuelana e a nível internacional, foram marcadas pela reeleição de Nicolás Maduro para um novo mandato de seis anos, até 2025.

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