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Trump anuncia início do diálogo da segunda fase de acordo em Gaza

A segunda fase vai abordar a reconstrução do enclave, bem como o desarmamento do Hamas e a governação da Faixa de Gaza.

O Presidente norte-americano anunciou esta segunda-feira, no Egito, o início das negociações da segunda fase do acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza.

Trump anuncia início do diálogo da segunda fase de acordo em Gaza
Trump anuncia início do diálogo da segunda fase de acordo em Gaza Suzanne Plunkett, Pool Photo via AP

"Começou. Quer dizer, começou, no que diz respeito à fase dois. E, como sabem, as fases estão de certa forma interligadas”, declarou Donald Trump, falando à imprensa ao lado do homólogo egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, na estância de Sharm el-Sheikh, a respeito da segunda etapa da trégua entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas.

No Egito para uma conferência sobre o processo de paz na Faixa de Gaza, o Presidente norte-americano referiu-se também ao início “da limpeza”, aludindo à devastação provocada por mais de dois anos de guerra no território palestiniano.

“Vejam Gaza... precisa de muita limpeza (…) São escombros multiplicados por dez. Mas faremos um bom trabalho", afirmou, no dia em que o Hamas libertou 20 reféns vivos que mantinha desde outubro de 2023 na Faixa de Gaza, em troca de centenas de prisioneiros palestinianos nas cadeias israelitas.

O acordo foi impulsionado pelos Estados Unidos e negociado ao longo de vários dias em Sharm el-Sheikh com a mediação de delegações do Egito, do Qatar e da Turquia.

Nesta fase, foi acordado o cessar-fogo, a retirada gradual das forças israelitas, a entrada em massa de ajuda humanitária no enclave palestiniano e a troca de reféns por prisioneiros.

A segunda fase vai abordar a reconstrução do enclave, bem como o desarmamento do Hamas e a governação da Faixa de Gaza.

Nas declarações à imprensa, Donald Trump deixou elogios ao homólogo egípcio, salientando a dupla condição de estadista e general.

“É um líder muito poderoso. O meu amigo é Presidente e general. A razão é que ele é ambos, e é bom nisso (...) Ele fez um trabalho fantástico ao unir este país, e os Estados Unidos apoiam-nos em todos os momentos", declarou.

Além disso, considerou que Al-Sisi desempenhou "um papel muito importante" junto do Hamas, dado que o grupo palestiniano "respeita este país e a liderança egípcia".

Sobre os convidados para cerimónia do acordo de paz, comentou que "as nações mais ricas estão aqui”, bem como “todos os líderes, os grandes líderes”, referindo-se a “um grupo muito interessante", sobretudo no que toca aos países do Golfo Pérsico.

Trump, que viajou hoje para Telavive antes de chegar com três horas de atraso ao Egito, encontrou-se com familiares de reféns e discursou em Jerusalém no parlamento israelita (Knesset), onde sublinhou que Israel conquistou tudo o que podia pela força das armas e que agora é o momento de transformar essas vitórias no "prémio máximo da paz".

A conferência que vai copresidir com Al-Sisi prevê a participação de líderes de vários países e do secretário-geral da ONU, António Guterres, mas nem o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, nem o Hamas estarão presentes.

Os países mediadores devem assinar um documento em Sharm el-Sheikh que garanta a implementação do cessar-fogo.

O Hamas entregou já à Cruz Vermelha, em duas vagas, os 20 reféns vivos em cativeiro na Faixa de Gaza há mais de dois anos.

Nesta fase, o Hamas deverá devolver também os corpos dos 28 reféns mortos, mas o braço armado do movimento indicou que apenas prevê devolver quatro durante o dia de hoje.

Segundo o acordo de cessar-fogo, um comité internacional vai ajudar o grupo islamita a encontrar os corpos de reféns dados como desaparecidos.

No âmbito da troca, Israel deverá libertar 1.968 prisioneiros palestinianos, dos quais 154 serão deportados para fora do país, segundo as principais associações que representam os presos, tanto do Hamas como da Autoridade Nacional Palestiniana.

A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pelos ataques liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, nos quais morreram cerca de 1.200 pessoas e 251 foram feitas reféns.

Em retaliação, Israel lançou uma operação militar em grande escala na Faixa de Gaza, que provocou mais de 67 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.

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