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Submersível desaparecido foi alvo de queixas de segurança

Antigo funcionário recusou fazer testes de segurança em 2018. Acabou por ser despedido, e também avançou na justiça, mas chegou a acordo com a OceanGate.

O submersível que desapareceu com cinco pessoas a bordo durante uma visita aos destroços do Titanic foi alvo de uma queixa por motivos de segurança. A revelação foi feitapela revista The New Republic, que adianta que o funcionário - um piloto - indicou que o dispositivo não era capaz de descer a profundidades tão elevadas.

De acordo com os documentos legais que visam a OceanGate, as preocupações de David Lochridge foram ignoradas. Este funcionário era "responsável pela segurança de toda a tripulação e dos clientes". Ele recusou-se a entrar em testes de segurança com humanos das primeiras versões do submersível. Foi despedido e depois, processado por revelar informações confidenciais. David Lochridge avançou com outro processo, em que alegou despedimento ilegal.

Acusou a OceanGate de rescindir o contrato "para o silenciar e evitar abordar as questões de segurança e controlo de qualidade".

Ainda no requerimento, referiu também que a pressão constante enfraquece as falhas já existentes no submarino, detetadas através de ensaios, podendo resultar em grandes falhas na fibra de carbono.

Durante vários dias, Lochridge realizou um relatório sobre os resultados do teste de pressão do visor do Titan, mas quando pediu acesso a documentos essenciais para o processo de inspeção, foi-lhe negado. Só após o lançamento do relatório é que os funcionários da OceanGate convocaram uma reunião, a 19 de janeiro de 2018, e foi aí que o antigo funcionário descobriu o porquê da recusa.

A empresa também se recusou a financiar a construção de uma pequena janela capaz de aguentar a pressão causada pela profundidade que o submersível atinge. Esse visor era capaz de aguentar uma pressão de até 1.300 metros, mas a OceanGate leva passageiros até ao Titanic, que se encontra no fundo do oceano a uma profundidade de 13 mil pés, o equivalente a 4 mil metros.

Os passageiros, que pagavam 250 mil dólares (228 mil euros) para entrar no submarino turístico, não eram informados sobre os problemas, alegou o funcionário da OceanGate. Além disso, não foram também avisados de que materiais inflamáveis perigosos estavam a ser usados. 

O piloto e a empresa acabaram por chegar a acordo. 

A Guarda Costeira disse, esta terça-feira, que já foram alvo de buscas 10.000 milhas quadradas desde que o submersível Titan desapareceu, no dia 18 de junho. A bordo, estão cinco pessoas. Segundo o jornal The Guardian, o submarino tinha reservas de oxigénio suficientes para 96 horas, o equivalente a 4 dias.

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