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Socorrista palestiniano detido por forças israelitas depois de ataque a Gaza

Um paramédico palestiniano que estava desaparecido desde os ataques israelitas que mataram 15 profissionais de saúde no sul de Gaza, terá sido detido pelas autoridades de Israel.

Asaad al-Nsasrah estava desaparecido desde 23 de março, quando funcionários do Crescente Vermelho da Palestina (PRCS, sigla em inglês) e da defesa civil palestiniana foram alvo de ataques israelitas enquanto iam de ambulância socorrer colegas na cidade de Rafah, a sul de Gaza. Sabe-se agora que o socorrista terá sido detido pelas forças de segurança israelitas.

socorristas palestinianos
socorristas palestinianos AP Photo/Abdel Kareem Hana

No domingo, a Comissão Internacional da Cruz Vermelha disse que tinha "recebido informação de que o socorrista da PRCS Assad al-Nsasrah está a ser mantido num local de detenção israelita". No entanto, a comissão não tem autorização para visitar Nsasrah e outros palestinianos detidos nestes centros desde 7 de outubro de 2023. 

A Cruz Vermelha Internacional acrescentou ainda que o socorrista tinha sido "raptado" pelas tropas israelitas "no exercício das suas funções humanitárias", apelando à sua libertação. 

Segundo a televisão pública britânica, BBC, as Forças de Defesa Israelitas (IDF, sigla em inglês), ainda não confirmaram esta detenção, mas um porta-voz confirmou que a entidade estava ciente das alegações acerca do seu paradeiro. 

Quinze paramédicos e voluntários palestinianos, incluindo pelo menos um funcionário das Nações Unidas (ONU), foram mortos no ataque israelita no final de março. Segundo a ONU, estas vítimas foram alvejadas "uma a uma" e os seus corpos, em conjunto com os veículos médicos, enterrados numa vala comum.

As testemunhas que encontraram os seus corpos relataram que ainda estavam com os uniformes vestidos, e alguns foram encontrados com as mãos atadas. O outro sobrevivente deste ataque disse ter sido libertado pelas forças israelitas depois de ter sido interrogado durante 15 horas.

Na segunda-feira passada (7) a IDF esclareceu que um inquérito preliminar indicou que as suas tropas "abriram fogo devido a uma ameaça sentida na sequência de um incidente antecedente na zona" e que "seis dos indivíduos mortos foram identificados como terroristas do Hamas", sem apresentar provas. No entanto, nenhum dos mortos estava armado e ainda não existem provas de que seriam combatentes do Hamas. 

Nsasrah de 47 anos, natural de Gaza, trabalhava para o Crescente Vermelho há cerca de 16 anos e foi um dos profissionais de saúde apanhados no meio deste ataque. Desde então que não se conhece o seu paradeiro. Numa entrevista ao jornal britânico The Guardian, o outro sobrevivente, o voluntário Munther Abed, de 27 anos, disse que tinha visto o socorrista a ser levado com vida e vendado pelas autoridades israelitas no local do ataque. 

As IDF têm sofrido pressões em relação às inconsistências da sua versão dos acontecimentos. Inicialmente alegou que as suas tropas atingiram "veículos suspeitos" a conduzir no escuro com as suas luzes de emergência desligadas. Mas depois de ser divulgado um vídeo no telemóvel do médico Rifaat Radwan que mostrava a ambulância com o logótipo do Crescente Vermelho e as luzes de emergência ligadas, as forças de segurança de Israel voltaram atrás. 

Afirmam agora estar a reexaminar "informações operacionais" para compreender a razão pela qual o relato original estava errado, anunciando também uma nova investigação sobre o acontecimento. O Crescente Vermelho considerou o ataque uma "grave violação da lei internacional" e apelou a uma investigação internacional.

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