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Segurança. O destino da Europa vai discutir-se em Paris

Leonor Riso
Leonor Riso 16 de fevereiro de 2025 às 15:33
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Líderes dos principais países europeus vão marcar presença na reunião que se segue à cimeira de Munique, em que Zelensky pediu um exército europeu e JD Vance evitou falar sobre a guerra.

Macron fez o anúncio e os países europeus responderam: Paris vai acolher esta segunda-feira, 17, uma cimeira de líderes europeus para discutir a guerra na Ucrânia e a segurança na Europa. Trata-se de uma resposta à decisão de Donald Trump, que anunciou o início das conversações de paz entre a Rússia e a Ucrânia sem consultar Kiev, nem os líderes europeus: porém, contactou Vladimir Putin.

Segundo o site Politico, os membros do governo ucraniano ficaram chocados e confusos com o anúncio de Trump. Elementos do governo dos EUA estão a dirigir-se para a Arábia Saudita para começar as negociações de paz com a Rússia, indica a agência noticiosa Reuters.

Keith Kellogg, o enviado especial dos EUA para a Ucrânia e para a Rússia, afirmou que a Europa não teria assento nas conversações de paz. Entretanto, a Reuters revelou este sábado, 15 que o governo norte-americano tinha enviado um documento com seis pontos e perguntas em que inquiria os governos europeus sobre como podiam contribuir para as garantias de segurança da Ucrânia, questionando também sobre quais são as necessidades que a Europa espera ver cumpridas pelos EUA. 

REUTERS/Anatolii Stepanov

Quem estará na cimeira?

"[Macron] Irá juntar os principais países europeus para discutir a segurança europeia", confirmou já o ministro dos Negócios Estrangeiros Jean-Noel Barrot à rádio France Inter, apelando a que esta "reunião de trabalho" não fosse "dramatizada". Os convites já seguiram para pelo menos o Reino Unido, Alemanha, Polónia, Itália e Dinamarca, país que representará os países bálticos e escandinavos. Também foram chamadas a liderança da União Europeia e a NATO.

Sven Hoppe/DPA via AP, Pool

A reunião servirá para perceber que ajuda imediata pode ser dada à Ucrânia e o papel concreto que a Europa pode ter.

Já surgiram algumas confirmações de presença, como a do chanceler alemão Olaf Scholz, do primeiro-ministro polaco Donald Tusk, do primeiro-ministro britânico Keir Starmer, bem como da primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen. Pedro Sánchez, presidente do governo espanhol, também estará presente. 

Zelensky apelou à criação de um "exército europeu"

O presidente ucraniano sugeriu, durante a cimeira de segurança em Munique que antecedeu esta cimeira, a criação das "Forças Armadas da Europa" para enfrentar a Rússia expansionista, que pode ameaçar a União Europeia além da Ucrânia.

Também revelou ter instruído os seus ministros para não assinarem uma proposta de acordo que daria aos EUA acesso aos minerais raros da Ucrânia, porque o documento estava demasiado focado nos interesses dos EUA. "Não nos protege", considerou.

Esta proposta surgiu das conversações entre Volodymyr Zelensky com o vice-presidente dos EUA, JD Vance, à margem da cimeira de Munique. No seu discurso, o vice-presidente norte-americano não mencionou o conflito entre a Ucrânia e a Rússia, considerando que a maior ameaça à Europa era a retirada relativamente aos valores de proteger a liberdade de expresssão, e a imigração "fora de controlo". As suas palavras foram criticadas pelos líderes europeus. JD Vance também criticou a rejeição dos outros países quanto à AfD, de extrema-direita, o que mereceu resposta do chanceler alemão. "Não é apropriado, especialmente entre amigos e aliados. Rejeitamos firmemente isso", adiantou.

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