Práticas dos restaurantes na vila costeira francesa chocam a própria autarca, que garante que tomará medidas. Além de prejudicarem os turistas, afetam também os locais.
A presidente da Câmara Municipal de Saint-Tropez, em França, ameaçou os restaurantes da cidade com a perda de licença por estarem a exigir gastos mínimos de milhares de euros e a recusar reservas com base em refeições anteriores. Os esquemas foram revelados pelo jornal Nice Matin.
Andia/Universal Images Group via Getty Images
Tudo se verifica junto ao velho porto de Saint-Tropez, onde existem os restaurantes mais luxuosos e concorridos. No momento da reserva, o funcionário do restaurante pede o nome e apelido do potencial cliente, pesquisa-o na base de dados e verifica os valores gastos durante uma visita anterior. Caso o valor seja elevado, o cliente é considerado "um dos bons" e é aceite. Caso contrário, é-lhe dito que não pode lá ir. "Se o nome não dá o alerta em como se está na primeira categoria, é respondido que o restaurante está cheio até ao fim de agosto", relata uma fonte ao jornal francês.
Além disso, ficar com uma mesa pode custar 5 mil euros - algo de que os clientes são informados no contacto com o restaurante. As gorjetas também têm que ser elevadas: o jornal relata o caso de um cliente italiano que foi impedido de sair de um parque de estacionamento por ter deixado uma gorjeta de €500, equivalente a 10% do que consumiu (ou seja, €5 mil), e não de 20%, como o restaurante exigia. Locais há que exigem um gasto mínimo de €1.500 por pessoa.
A presidente da câmara Sylvie Siri manifestou a sua revolta, numa cidade onde também os preços da habitação levaram à saída de muitos residentes do centro. "Estas acusações são muito chocantes para mim porque são infelizmente verdadeiras", afirmou, citada pelo jornal britânico The Guardian. Garante que nem ela nem a câmara concordam "com as práticas desprezíveis" que destroem a imagem da cidade, muito frequentada por celebridades do jet setinternacional. A autarca de Saint-Tropez garante que irá reunir com os donos dos restaurantes no fim do verão para "lembrá-los das suas responsabilidades".
Afinal, os restaurantes podem incorrer em práticas de "extorsão e chantagem organizada", e de "criar bases de dados ilegais, sem consentimento, com completo desrespeito pelas leis de privacidade dos dados". "Estas práticas são odiosas para a cidade, e assim sendo para a nossa clientela, mas também para os locais", lamentou.
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