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Putin manda construir museus na Rússia sobre a invasão à Ucrânia

Líder do Kremlin considera que novos centros supostamente culturais vão permitir restaurar a justiça sobre a "operação militar especial".

O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, ordenou que os ministérios da Cultura e da Defesa construíssem museus que incluam os principais momentos da invasão russa na Ucrânia até ao final deste ano.

Sputnik / Mikhail Klimentyev / Kremlin via REUTERS

O líder do Kremlin também ordenou a avaliação da recolha de objetos ligados à guerra a destinar a esses novos centros supostamente culturais e esclareceu que os espaços não devem incluir apenas os principais momentos do que Moscovo chama "operação militar especial", mas também "os feitos dos seus participantes".

Putin sustenta que esta decisão permitirá restaurar a justiça, pois considera que tanto a península da Crimeia, anexada em 2014, como as quatro regiões ucranianas incorporadas em setembro de 2022 em referendos também não reconhecidos, são territórios históricos da Rússia.

Embora o Presidente da Rússia considere os objetivos traçados nesta campanha como nobres, o Exército russo não revela as baixas nas suas fileiras - estimadas em dezenas de milhares - e permitiu que o grupo mercenário Wagner usasse ex-presidiários nas suas unidades de assalto, em concreto em Bakhmut, onde se trava uma sangrenta batalha há longos meses.

As tropas russas e o grupo Wagner são acusados ??de crimes de guerra e o Tribunal Penal Internacional emitiu um mandado de prisão contra Putin devido à transferência forçada de crianças ucranianas para a Rússia.

Recentemente, o Ministério da Educação anunciou o desenvolvimento de um novo manual de história para o último ano do ensino médio com capítulos dedicados à campanha na Ucrânia.

A imprensa independente denunciou que as referências positivas à Ucrânia desapareceram em várias descrições históricas, especialmente a "Rússia de Kiev", o primeiro reino eslavo medieval e que tanto russos como ucranianos consideram o precursor original dos respetivos estados.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas – 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 8.574 civis mortos e 14.441 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

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