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Pais de soldados pedem a Israel que não ataque Rafah

Leonor Riso
Leonor Riso 13 de maio de 2024 às 17:05
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Em carta, pais dizem temer que os filhos se encaminhem para uma "armadilha mortal". Ataques já começaram na zona ocidental.

Os pais de mais de 900 soldados israelitas que combatem na Faixa de Gaza assinaram uma carta em que pedem ao exército que pare a ofensiva contra a cidade fronteiriça de Rafah. Sublinham na missiva que o ataque é "uma armadilha mortal" para os filhos.

REUTERS/Mohammed Salem

"É evidente para qualquer pessoa com senso comum que após meses de avisos e anúncios relativos a uma incursão em Rafah, que há forças do outro lado a prepararem-se ativamente para atacarem as nossas tropas", lê-se na carta, enviada a 2 de maio e citada pelo jornal britânico The Guardian.

O documento, enviado ao ministro da Defesa de Israel Yoav Gallant e ao chefe das Forças de Defesa de Israel, tenente-general Herzi Halevi, aponta que os soldados "estão fisicamente e mentalmente exaustos". "E agora, tencionam enviá-los para essa situação perigosa? Parece não ser nada mais que uma imprudência."

Segundo o The Guardian, entre 360 mil e 500 mil palestinianos saíram de Rafah após os avisos de evacuação emitidos por Israel. Antes, mais de um milhão de pessoas procurou refúgio na cidade que faz fronteira com o Egito após a operação militar israelita que se seguiu aos ataques do Hamas de 7 de outubro de 2023.

Apesar dos avisos norte-americanos de travar o fornecimento de algumas armas caso Rafah seja invadida, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu pretende avançar. Contudo, o Hamas terá reforçado as suas defesas ao longo dos últimos meses e o complexo de túneis debaixo da cidade deve estar funcional.

Israel considera Rafah o último bastião do Hamas, e que a invasão é fulcral para eliminar o grupo terrorista. Porém, o Hamas tem conseguido impor-se noutros locais da Faixa de Gaza apesar das operações israelitas, destaca o The Guardian."As nossas apreensões materializaram-se ao testemunharmos o exército [de Israel] a retirar-se de uma área, para vermos o Hamas a recuperar controlo sobre ela", descreve Anat, uma das mães de soldados, ao jornal. "Nos primeiros meses da guerra apoiámos toda a operação. Nos últimos meses, parece-nos que não há planos claros."

Após os ataques de 7 de outubro, Israel convocou 350 mil soldados na reserva.

Apesar de não ter respondido à carta, o tenente-general Halevi mencionou os pais de soldados no passado domingo, dia 12. "Sou o comandante que enviou os vossos filhos e filhas para a batalha de onde não voltaram, e para as posições onde foram raptados. Carrego comigo todos os dias a memória dos caídos, e sou responsável por responder às questões que não vos deixam dormir."

Apesar de a maioria dos israelitas apoiar a ofensiva, também tem havido protestos contra o governo de Netanyahu e manifestações por maiores esforços para recuperar os reféns.

Segundo a agência Reuters, as operações israelitas em Rafah fecharam um ponto de entrada de ajuda humanitária. Tem havido bombardeamentos aéreos e terrestres na zona ocidental da cidade, que já causaram mortos.

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