Sábado – Pense por si

O que se sabe sobre o plano de Zelensky para acabar com a guerra na Ucrânia? 

Débora Calheiros Lourenço
Débora Calheiros Lourenço 16 de outubro de 2024 às 16:04
As mais lidas

O presidente ucraniano acredita que a guerra pode terminar em 2025, com a ajuda dos Estados Unidos e dos aliados europeus e sem ceder qualquer parte do seu território à Rússia.

Volodymyr Zelensky já apresentou ao parlamento ucraniano o seu Plano de Vitória, que, tal como o nome indica, pretende fortalecer a Ucrânia o suficiente para acabar com a guerra. O Kremlin já rejeitou o plano e afirmou que o presidente ucraniano "precisa de acordar".

REUTERS/Andrii Nesterenko

Zelensky disse ao parlamento que o plano pode garantir o fim da guerra, que começou com a invasão russa em fevereiro de 2022, durante o próximo ano. O plano está dividido em cinco pontos principais que incluem um convite formal para aderir à NATO, a contenção da Rússia através de um pacote de dissuasão estratégica não nuclear implantado em solo ucraniano, mas também através do fortalecimento da defesa ucraniana com a permissão de utilização de armas de longo alcance em território russo e a continuação de operações militares na região de Kursk.  

O presidente ucraniano pretende que os Estados Unidos e a União Europeia garantam a proteção dos recursos naturais essenciais da Ucrânia e depois da guerra terminar é pedido que algumas das tropas norte-americanas na Europa sejam substituídas por tropas ucranianas. Zelensky referiu que existiam outros três pontos no plano, mas que iriam ser partilhados apenas com os seus aliados e não tornados públicos.

No seu discurso, o presidente ucraniano também criticou a China, o Irão e a Coreia do Norte pelo seu apoio à Rússia, considerando-os como uma "coligação de criminosos": "Estamos em guerra com a Rússia no campo de batalha, nas relações internacionais, na economia, na esfera da informação e nos corações das pessoas".

Amanhã, quinta-feira, este plano vai ser apresentado também em Bruxelas durante a reunião do Conselho Europeu. Zelensly já terá também apresentado o plano ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e aos dois candidatos presidenciais, Kamala Harris e Donald Trump.  

No entanto, os planos de Kiev parecem estar longe da realidade nacional, no parlamento, chegou a reconhecer o cansaço vivido pelo seu país e a admitir: "A vitória tornou-se, para alguns, uma palavra desconfortável e não é fácil de ser alcançada". O número crescente de mortos e a controversa lei para a mobilização da população tem aumentado a insatisfação do povo ucraniano.

Os analistas internacionais têm referido cada vez mais que qualquer acordo de paz deverá ter de envolver uma cedência de território por parte da Ucrânia, em troca de garantias de segurança. Porém, a opinião de Zelensky parece ser diferente: "A Rússia vai perder a guerra contra a Ucrânia. Não pode haver qualquer troca relativamente ao território da Ucrânia ou à sua soberania".

Aliás, este Plano de Vitória não parece ter como objetivo nenhuma aproximação à Rússia, mas sim passar a mensagem de uma Ucrânia que não pretende qualquer tipo de negociação. Zelensky também referiu que o seu plano poderia ser implementado apenas com a ajuda dos seus aliados e sem a cooperação russa.

O Kremlin já rejeitou o plano e defendeu que "o único plano de paz possível é que o regime de Kiev compreenda que a sua política não tem perspetivas e que precisa de acordar".

Artigos Relacionados

Calado é Camões

O senhor Dr. Durão Barroso teve, enquanto primeiro-ministro, a oportunidade, de pôr as mãos na massa da desgraça nacional e transformá-la em ouro. Tantas capacidades, e afinal, nestum sem figos.