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Ministra espanhola propõe 'herança' de 20 mil euros para todos os jovens

Andreia Antunes com Ana Bela Ferreira
Andreia Antunes com Ana Bela Ferreira 06 de julho de 2023 às 13:07
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Segundo Yolanda Díaz, o dinheiro seria obtido através da taxação dos cidadãos com maiores rendimentos. A proposta levanta dúvidas em ambos os lados da política espanhola e marca o arranque da campanha eleitoral.

Yolanda Díaz, ministra do Trabalho e da Economia Social de Espanha, quer dar 20 mil euros a cada jovem do país, uma proposta com a qual pretende combater a desigualdade social. O dinheiro iria servir para os estudos, formação ou na criação de uma empresa, começaria a ser pago assim que atingirem os 18 anos e iria continuar até aos 23.

REUTERS/Juan Medina

A ministra anunciou esta proposta ontem, na véspera do arranque da campanha eleitoral para as eleições legislativas antecipadas de 23 de julho. A iniciativa custaria 10 mil milhões de euros, que seriam obtidos a uma maior taxação dos cidadãos com maiores rendimentos.

Segundo o seu partido Sumar, o objetivo é garantir a "igualdade de oportunidades", independentemente da origem familiar ou dos rendimentos das pessoas. Os pagamentos começariam aos 18 anos e iriam se prolongar até aos 23, estes seriam acompanhados de apoio administrativo para ajudar as pessoas a estudar ou a criar a sua própria empresa.

Na tarde de quarta-feira, Díaz afirmou numa reunião de correspondentes estrangeiros em Madrid que esta proposta se trata de "permitir que os jovens tenham um futuro e de lhes dar a oportunidade de estudar ou de criar uma empresa, sem que isso dependa do apelido ou da família de origem". "É por isso que propomos que as pessoas recebam 20 mil euros quando fizerem 18 anos, para que possam desenvolver-se, seja estudando ou criando uma empresa. É isso que está em causa no dia 23 de julho", acrescentou.

Díaz confirmou que a política, a qual chamou de "herança universal", estaria disponível para todos os jovens espanhóis, independentemente da sua situação económica, algo que seria financiado através da taxação das pessoas que ganham mais de 3 milhões de euros por ano. O Sumar estima que custaria 0,8% do PIB de Espanha.

A proposta levantou várias dúvidas em ambos os lados da política espanhola. Nadia Calviño, ministra da Economia do governo de coligação socialista, questionou como é que a política iria funcionar na prática. "Qualquer pessoa que proponha dar subsídios ou subvenções sem qualquer tipo de restrições no que diz respeito aos níveis de rendimento ou aos objetivos tem de explicar como é que isso seria financiado, porque vamos ter de continuar com uma política fiscal responsável nos próximos anos", disse Calviño à estação de rádio Onda Cero, na segunda-feira.

Um porta-voz do Partido Popular acusou o Sumar de estar a definir mal as suas prioridades e sugeriu que o governo se concentrasse noutros problemas. Segundo o mesmo, "27% da população está em risco de exclusão social, a taxa de desemprego é a mais elevada da Europa, as famílias não conseguem chegar ao fim do mês e os trabalhadores independentes lutam para se manter à tona".

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