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Maduro avisa Trump: "Sangue na Venezuela será sangue nas suas mãos"

29 de janeiro de 2019 às 10:56
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Presidente da Venezuela responsabilizou o homólogo norte-americano por "qualquer violência" que venha a ocorrer no país e acusou os EUA de quererem "roubar" riquezas a Caracas.

O presidente daVenezuela, NicolásMaduro, continua a acusar osEUAde promoverem um ataque ao seu governo, apoiando aautoproclamação de Juan Guaidó como chefe de estado interino. Numa reunião no Palácio Miraflores, com diplomatas que regressaram de diferentes sedes consulares e da embaixada venezuelana nos EUA,Maduro responsabilizou o homólogo norte-americano por "qualquer violência" que venha a ocorrer no paíse acusou os EUA de quererem "roubar" riquezas a Caracas.

"Será você, senhor presidente DonaldTrump, responsável por esta política de mudança de regime na Venezuela e o sangue que se possa derramar na Venezuela, será sangue que estará nas suas mãos, presidente Donald Trump", assegurou, acrescentando: "Responsabilizo Donald Trump por qualquer violência que possa vir a ocorrer na Venezuela.".

No seu discurso, Maduro condenou as sanções "ilegais e unilaterais" impostas pelos Estados Unidos contra a empresa Petróleos da Venezuela SA (PDVSA), acusando Washington de pretender "roubar" a petrolífera venezuelano e as riquezas do seu país. "Já dei instruções ao presidente da PDVSA e à CITGO para que iniciem as ações legais para defender a propriedade e as riquezas [da Venezuela]", anunciou.

Para o chefe de estado venezuelano, as sanções anunciadas, que afetam sobretudo à subsidiária norte-americana Citgo, "demonstram que o objetivo dos Estados Unidos é tirar as propriedades à Venezuela, o dinheiro e o território". "Qual é o objetivo? Tirar as riquezas e o dinheiro à Venezuela, depois aspiram tirar-nos o território (...) Os venezuelanos, nós, não vamos permitir isso", frisou.

Maduro sublinhou ainda que essas medidas são feitas "a pedido e amparadas pelo deputado anticonstitucionalmente autoproclamado chefe de Estado da Venezuela, Juan Guaidó".

Por outro lado, explicou que os diplomatas venezuelanos que se encontravam no palácio presidencial foram chamados pelo Departamento de Estado norte-americano "para suborná-los" e para que declarassem contra a sua pátria, mas que "regressaram com dignidade, com honestidade e amor". Assegurou que estes diplomatas vão ser designados para outras missões.

O chefe de estado defendei ainda que há uma grande manipulação mundial, através dos meios televisivos dos Estados Unidos e da Europa para "apresentar uma Venezuela virtual", da qual faz parte não mostrar a realidade: as manifestações de revolucionários que o apoiam.

Por outro lado, anunciou estar pronto para iniciar um diálogo com a oposição para garantir a paz e a estabilidade do país. "Estou pronto, uma vez mais, para onde for, iniciar uma ronda de conversações, diálogo, negociações, com toda a oposição venezuelana, com um só objetivo: a paz, o entendimento e o reconhecimento mútuo", disse.

Durante o encontro, o presidente pediu aos venezuelanos que continuem no rumo do trabalho, educação, do positivo e da expansão do modelo socialista, para a construção de uma estabilidade política, sólida, verdadeira e positiva. Nesse sentido anunciou o lançamento do programa estatal Misión Venezuela Bella (Missão Venezuela Linda) para embelezar 62 cidades do país.

Guaidó assume controlo dos ativos externos

O autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, anunciou na segunda-feira, praticamente em simultâneo com a divulgação das sanções norte-americanas, que assume o controlo dos ativos do país no exterior, de modo a evitar que o Maduro "continue a roubar" o dinheiro dos venezuelanos.

"A partir deste momento iniciamos a tomada do controlo progressivo e ordenado dos ativos da nossa República no exterior, para impedir que no seu percurso de saída, e não conformado com o que já roubou à Venezuela, o usurpador e o seu grupo continuem a roubar o dinheiro dos venezuelanos, financiando delitos a nível internacional e usando o dinheiro para torturar o povo, privando-o de alimentos e medicamentos e assassinando quem protesta pelos seus direitos", referiu Juan Guaidó, num comunicado divulgado na rede social Twitter.

A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou presidente interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.

Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres. Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.

A União Europeia fez um ultimato a Maduro para convocar eleições nos próximos dias, prazo que Espanha, Portugal, França, Alemanha e Reino Unido indicaram ser de oito dias, findo o qual os 28 reconhecem a autoridade de Juan Guaidó e da Assembleia Nacional para liderar o processo eleitoral.

A repressão dos protestos antigovernamentais da última semana provocou 35 mortos, de acordo com várias organizações não-governamentais.

Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados da ONU.

Na Venezuela, antiga colónia espanhola, residem cerca de 300 mil portugueses ou lusodescendentes.