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Hong Kong emite mandados de captura para oito ativistas a viver no estrangeiro

Dissidentes são procurados ao abrigo da lei de segurança nacional de Pequim. Foram oferecidas recompensas à população por cada acusado.

A polícia de Hong Kong acusou oito ativistas sediados no estrangeiro, esta segunda-feira, de graves crimes contra a segurança nacional, incluindo conluio estrangeiro e incitamento à secessão, e ofereceu recompensas por informações que levem a qualquer detenção.

Steve Li na conferência de imprensa
Steve Li na conferência de imprensa REUTERS/Joyce Zhou

Os acusados são Nathan Law, Anna Kwok, Finn Lau, Dennis Kwok, Ted Hui, Kevin Yam, Mung Siu-tat e Yuan Gong-yi, ativistas pró-democracia, antigos legisladores e académicos de direito. Steve Li, oficial do departamento de segurança nacional da polícia, referiu numa conferência de imprensa esta segunda-feira que os oito acusados "encorajaram sanções (...) para destruir Hong Kong", segundo a Reuters.

A polícia emitiu avisos de procura e recompensas de 1 milhão de dólares de Hong Kong (cerca de 117 mil euros) por cada, e referiu que os bens dos acusados, se possível, vão ser congelados, avisando o público para não os apoiar financeiramente ou correm o risco de violar a lei.

Os ativistas estão baseados de vários locais, incluindo Estados Unidos, Grã-Bretanha e Austrália, e são procurados ao abrigo da lei de segurança nacional que Pequim impôs à antiga colónia britânica em 2020, depois de o centro financeiro ter sido abalado por prolongados protestos anti-China no ano anterior. As acusações podem levar penas perpétuas.

A ministra australiana dos Negócios Estrangeiros, Penny Wong, declarou que a Austrália estava "profundamente dececionada" com as informações de que as autoridades de Hong Kong tinham emitido mandados de detenção para "defensores da democracia, incluindo os australianos".

Alguns países, incluindo os Estados Unidos, afirmam que a lei de segurança nacional tem sido utilizada para reprimir o movimento pró-democracia da cidade e tem minado os direitos e liberdades garantidos pela norma "um país, dois sistemas", acordada quando Hong Kong regressou ao domínio chinês em 1997.

As autoridades chinesas e de Hong Kong afirmam que a lei restabeleceu a estabilidade necessária para preservar o êxito económico de Hong Kong.

Já os ativistas garantem que vão continuar o seu trabalho. "É meu dever continuar a falar contra a repressão que está a acontecer neste momento, contra a tirania que agora reina sobre a cidade que já foi uma das mais livres da Ásia", defendeu Kevin Yam à Reuters. O professor assistente do Centro de Direito Asiático da Universidade de Georgetown é acusado pela polícia de se ter encontrado com funcionários estrangeiros para instigar sanções contra funcionários, juízes e procuradores de Hong Kong.

Anna Kwok, diretora executiva do Conselho para a Democracia de Hong Kong apelou ao "presidente Biden a dizer um não forte e firme à possível entrada de John Lee [chefe do executivo de Hong Kong] nos Estados Unidos para a reunião da APEC em novembro". Acrescenta que "foi ele que pôs a minha cabeça a prémio por 1 milhão de dólares HKD. É o homem que orquestrou a repressão transnacional de longo alcance".

Nathan Law afirmou no Twitter que tem sido "procurado" noutros casos, mas obteve o estatuto de refugiado no Reino Unido há dois anos. "Peço aos habitantes de Hong Kong que não cooperem com qualquer perseguição ou ação de recompensa", escreveu. "Não devemos limitar-nos, autocensurar-nos, ser intimidados ou viver com medo."

O gabinete de segurança de Hong Kong declarou que apoiava a polícia nos seus esforços para "levar à justiça as pessoas que fugiram para o estrangeiro". A polícia informou na conferência de imprensa que 260 pessoas tinham sido detidas ao abrigo da lei de segurança nacional, tendo 79 delas sido condenadas por crimes como insubordinação e terrorismo.

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