Arrancou o julgamento do fundador do jornal pró-democracia de Hong Kong. Lai, de 76 anos, é acusado de sedição e "conluio com forças estrangeiras".
Jimmy Lai, magnata de Hong Kong preso por crimes de "conluio com forças estrangeiras" e de sedição sob a Lei de Segurança Nacional, começou a ser julgado esta segunda-feira, 18.
REUTERS/Tyrone Siu
Lai, de 76 anos, é o fundador doApple Daily, jornal pró-democracia de Hong Kong que abriu em 1995 e foi obrigado a fechar em 2021, depois da aplicação da Lei de Segurança Nacional por Pequim. A acusação de sedição - rebelião - que o magnata enfrenta deve-se a artigos publicados no seu jornal e comentários feitos online.
O magnata está atrás das grades desde dezembro de 2020 e poderá ser agora condenado à prisão perpetua, caso seja considerado culpado. Prevê-se que o julgamento dure 80 dias.
À BBC, a equipa jurídica do magnata garantiu que lhe foi negado o direito de nomear um advogado britânico, e que este será julgado por três juízes escolhidos a dedo pelo líder de Hong Kong, John Lee. De acordo com o jornalThe New York Times,Lee é um antigo chefe de segurança responsável pela repressão que colocou dezenas de membros da oposição ao regime na prisão.
Do Reino Unido, que em 1997 entregou o território à China, surgiu um pedido. "No início do julgamento de Jimmy Lai em Hong Kong, apelo às autoridades de Hong Kong para que ponham termo à sua acusação e o libertem", disse no passado domingo, 17 de novembro, o secretário dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, David Cameron.
At the start of Jimmy Lai’s national security trial in Hong Kong, I call on the Hong Kong authorities to end his prosecution and release him. Read my statement here: https://t.co/6hKhXRNMaK
Os Estados Unidos também se manifestaram. De acordo com o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, o país condena a Lei da Segurança Nacional. "Condenamos veementemente o processo da Lei de Segurança Nacional contra o defensor pró-democracia e proprietário de meios de comunicação social Jimmy Lai. O julgamento é um exemplo claro do ataque das autoridades de Pequim e de Hong Kong às liberdades de imprensa e de expressão em Hong Kong."
We strongly condemn the National Security Law prosecution of pro-democracy advocate and media owner Jimmy Lai. The trial is a stark example of Beijing and Hong Kong authorities’ attack on the freedoms of press and speech in Hong Kong.
Durante o julgamento, houve também quem do lado de fora do tribunal, fortemente vigiado, protestasse. "Apoio Jimmy Lai porque quero a verdade", disse a ativista pró-democracia Alexandra Wong, de 77 anos, também conhecida como Avó Wong. "As pessoas não vão confiar em nós. Desejo que ele saia brevemente. Quero ler o Apple Dailynovamente."
REUTERS/Lam Yik.
Sabe-se que ao abrigo desta norma já foram detidos mais de 250 ativistas, legisladores e manifestantes, acusados de rebelião. Enquanto os opositores desta norma a consideram uma ameaça às liberdades civis e políticas do país, Pequim refere-se a ela como uma lei necessária para reprimir a agitação.
Este foi o primeiro dia em que Lai foi visto desde 2021. De acordo com o jornalThe Guardian, sorriu e acenou à galeria onde estava sentada a sua família. Tem estado detido em regime de solitária.
Jimmy Lai tem nacionalidade britânica, o que fez com que observadores da embaixada do Reino Unido estivessem presentes na audiência. Segundo o The Guardian, a Lei de Segurança Nacional de Hong Kong tem uma taxa de condenação de 100%.
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O humor deve ser provocador, desafiar convenções e questionar poderes. É um pilar saudável da liberdade de expressão. Mas quando deixa de ser crítica legítima e se transforma num ataque reiterado e desproporcional, com efeitos concretos e duradouros na vida das pessoas, deixa de ser humor.
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