A resolução, da autoria dos 10 membros não-permanentes do Conselho de Segurança, recebeu 14 votos a favor e apenas o veto dos EUA, que, como membro permanente, tem o poder de impedir este órgão da ONU de atuar.
Os Estados Unidos (EUA) vetaram esta quinta-feira uma resolução no Conselho de Segurança da ONU que pedia um cessar-fogo imediato em Gaza e exigia que Israel suspendesse todas as restrições à entrada de ajuda humanitária no enclave palestiniano.
EUA vetam cessar-fogo em Gaza no Conselho de SegurançaAP Photo/Ted Shaffrey, File
Washington volta assim a bloquear os esforços do Conselho de Segurança da ONU pela suspensão imediata de todos os obstáculos à entrada de ajuda em Gaza.
A resolução, da autoria dos 10 membros não-permanentes do Conselho de Segurança, recebeu 14 votos a favor e apenas o veto dos EUA, que, como membro permanente, tem o poder de impedir este órgão da ONU de atuar.
A votação mais recente do Conselho de Segurança sobre a guerra em Gaza ocorreu em 04 de junho, quando os EUA vetaram um projeto de resolução semelhante, também apresentado pelos 10 membros não-permanentes.
O projeto agora rejeitado exigia a suspensão imediata e incondicionalmente de todas as restrições à entrada de ajuda humanitária em Gaza e que Israel garantisse a distribuição segura e sem entraves à população que dela necessita.
"A fome foi confirmada em Gaza. Não projetada, não declarada. Foi confirmada. Mães desesperadas são forçadas a ferver folhas para alimentar os seus filhos. Pais vasculham os escombros em busca de sustento. Pessoas são mortas enquanto tentam obter comida para sobreviver. Uma geração corre o risco de se perder não apenas na guerra, mas também na fome e desespero", afirmou a embaixadora dinamarquesa, Christina Markus Lassen, antes da votação.
Em representação dos restantes membros não-permanentes, a diplomata explicou que a única intenção da resolução era "aliviar o sofrimento e contribuir para o fim desta guerra abominável".
O texto rejeitado também pedia um cessar-fogo imediato, incondicional e permanente, e a libertação incondicional, digna e imediata de todos os reféns mantidos pelo Hamas e por outros grupos armados.
Solicitava ainda ao secretário-geral da ONU, António Guterres, que apresentasse um relatório ao Conselho, no prazo de 30 dias, sobre a implementação da resolução.
As discussões sobre este projeto de resolução começaram no final de agosto, em resposta à declaração oficial da ONU sobre um cenário de fome no território palestiniano, devastado por um conflito que dura há quase dois anos.
Ainda antes da votação, Washington já tinha avisado que iria votar contra, argumentando que o texto proposto não condenava o grupo islamita palestiniano Hamas.
Washington apelou ainda a que os restantes membros votassem contra o projeto.
"A oposição dos EUA a esta resolução não será nenhuma surpresa. Não condena o Hamas nem reconhece o direito de Israel se defender e legitima erradamente as falsas narrativas que beneficiam o Hamas, que infelizmente encontraram aceitação neste Conselho", disse a conselheira norte-americana Morgan Ortagus.
A representante norte-americana criticou ainda os restantes membros do Conselho por decidirem avançar com a votação mesmo sabendo que estaria destinada ao fracasso, e alegou tratar-se de "uma ação performativa".
Sobre a situação humanitária em Gaza, Morgan Ortagus afirmou que Israel "assume riscos claros" ao trabalhar diariamente com os EUA para entregar ajuda a civis e defendeu haver um "aumento significativo do fluxo" de auxílio que entra no enclave.
Uma das respostas mais duras ao veto dos EUA veio da Argélia, que indicou que "Israel está protegido", uma vez que "mata todos os dias e nada acontece".
"Israel está protegido. Está imune. Imune não pelo direito internacional, mas pelo preconceito deste sistema internacional. Israel mata todos os dias e nada acontece. Israel mata um povo de fome, bombardeia hospitais, escolas, abrigos e nada acontece", afirmou o diplomata da Argélia, Amar Bendjama, acrescentando: "O genocídio está a desenrolar-se diante de olhos abertos".
A guerra em curso em Gaza foi desencadeada pelos ataques a Israel, liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023, que causaram cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.
A retaliação de Israel já provocou mais de 65 mil mortos, a destruição de quase todas as infraestruturas de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
Israel também impôs um bloqueio à entrega de ajuda humanitária no enclave, onde mais de 400 pessoas já morreram de desnutrição e fome, a maioria crianças.
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