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EUA anunciam mais oito mortos em ataques nas Caraíbas contra três embarcações

Desde o início de setembro, os Estados Unidos realizaram ataques contra pelo menos 26 navios, que acusaram de operar no tráfico de drogas nas Caraíbas ou no leste do Pacífico, executando, pelo menos, 95 pessoas.

As forças armadas norte-americanas anunciaram ter matado oito alegados traficantes de droga em três embarcações que atacaram na noite de segunda-feira no Pacífico, elevando para 95 o número de mortes desde o início de setembro.

EUA anunciam mais oito mortos em ataques nas Caraíbas contra três embarcações
EUA anunciam mais oito mortos em ataques nas Caraíbas contra três embarcações Foto AP/Alex Brandon

"Informações confirmaram que esses navios transitavam por rotas conhecidas do narcotráfico no leste do Pacífico e estavam envolvidos no narcotráfico", declarou o Comando Sul dos Estados Unidos na rede social X, numa publicação acompanhada de um vídeo que mostra ataques a navios no mar.

"Um total de oito narcoterroristas do sexo masculino foram mortos" nessas operações, acrescentou o exército.

Desde o início de setembro, os Estados Unidos realizaram ataques contra pelo menos 26 navios, que acusaram de operar no tráfico de drogas nas Caraíbas ou no leste do Pacífico, executando, pelo menos, 95 pessoas, sem fornecer provas de que essas embarcações estivessem envolvidas em atividades criminosas, o que levou especialistas e as Nações Unidas a questionarem a legalidade das operações.

Os Estados Unidos também reforçaram a presença militar no mar das Caraíbas desde agosto, sob o argumento da luta contra o narcotráfico, enviando para a região em outubro o maior porta-aviões do mundo, o USS Gerald R. Ford, com cerca de 5.000 militares a bordo e 75 aviões de combate, incluindo caças F-18, com uma escolta de cinco contratorpedeiros.

No final de outubro, o número de soldados norte-americanos no sul das Caraíbas e na base militar dos Estados Unidos em Porto Rico ascendia a 10.000, metade dos quais a bordo de oito navios.

O secretário de Guerra dos Estados Unidos - nova designação da Administração Trump para o titular do antigo Departamento de Defesa -, Pete Hegseth, comparou nas redes sociais os ataques contra os cartéis às guerras dos Estados Unidos no Médio Oriente e no Afeganistão nos últimos 24 anos.

A Casa Branca acusa o Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, de liderar uma vasta rede de narcotráfico, o que o chefe de Estado visado nega categoricamente, afirmando que Washington procura derrubá-lo para se apoderar do petróleo do país.

A legalidade dos ataques norte-americanos em águas estrangeiras ou internacionais contra suspeitos não intercetados, interrogados e conduzidos perante a justiça tem vindo a ser censurada, desde logo pela organização Human Rights Watch (HRW) de defesa dos direitos humanos, que exortou os parceiros dos Estados Unidos a condenarem os ataques "ilegais" contra embarcações de alegados traficantes de droga.

"De acordo com o direito internacional, o uso intencional de força letal só é permitido como último recurso contra um indivíduo que represente uma ameaça iminente à vida", sublinhou, por outro lado, em outubro o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

Em meados de novembro, os chefes da diplomacia do G7, reunidos no Canadá, questionaram os Estados Unidos sobre a legalidade dos ataques.

"Observamos com preocupação as operações militares na região das Caraíbas, porque ignoram o direito internacional e porque a França está presente nesta região através dos seus territórios ultramarinos, onde residem mais de um milhão dos nossos compatriotas", disse na altura o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Noël Barrot, à margem da sessão realizada nas proximidades das cataratas do Niágara.

Estas declarações foram, por outro lado, produzidas um dia depois de a CNN ter noticiado que o Reino Unido suspendeu a partilha de informações com os Estados Unidos nas Caraíbas, devido à preocupação de poder ser responsabilizado criminalmente, caso fosse implicado nos ataques. O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, negou esta notícia.

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