NEWSLETTER EXCLUSIVA PARA ASSINANTES Para que não lhe escape nada, todos os meses o Diretor da SÁBADO faz um resumo sobre o que de melhor aconteceu no mês anterior.
Enquanto o número de vítimas mortais não para de aumentar, centenas de pessoas enfrentam uma verdadeira corrida contra o tempo na esperança de serem resgatadas (ainda com vida).
"Eles estão a fazer barulho e a pedir ajuda mas não vem cá ninguém". Na Turquia e na Síria, entre gritos de desespero, um clima extremamente frio e depois de inúmeras réplicas após o sismo de 7.8 sentido no dia 6, a esperança de conseguir resgatar pessoas com vida é cada vez menor.
Em Hatay, a cidade fronteiriça com a Síria mais afetada pelo terramoto, há registo de pelo menos 872 pessoas mortas e 1.200 prédios destruídos. Mas os números escalam de uma forma vertiginosa se olharmos para toda a área afetada, atingindo um valor superior a seis mil vítimas mortais em pouco mais de 24 horas e cerca de seis mil edifícios colapsados.
Quem permanece com vida debaixo dos escombros grita por socorro, mas aqueles que já foram resgatados choram por saber que a ajuda não chega uma vez que os estragos são de tal ordem que, na maioria dos casos, os resgates são apenas possíveis com recurso a máquinas pesadas.
São mais de cinco mil quilómetros que separam Portugal das províncias mais afetadas pelo terramoto, mas até a esta distância é possível perceber a angústia de Deniz. Em entrevista à Reuters, o jovem aponta para um prédio colapsado e explica que, debaixo de vigas e muito pó, estão lá os seus pais com vida. "Eles estão a chamar, eles estão a pedir para ser salvos. Mas nós não os podemos salvar, como é que o vamos fazer? Desde manhã que os socorristas não vêm cá".
Em Antakya o cenário repete-se com centenas de pessoas a procurar familiares, amigos, vizinhos ou desconhecidos no meio dos escombros, estejam eles vivos ou mortos. Trocam-se capacetes, martelos, cordas e ferramentas rudimentares, por estes dias tudo serve. "Não temos ajuda, eletricidade, telefones ou comida", dizem alguns moradores.
Ibrahim Haskologlu, um jornalista daBBCem Istambul, garante que há quem esteja debaixo dos escombros e consiga enviar mensagens de áudio ou pequenos vídeos a familiares de forma a serem mais fáceis de localizar, mas de nada serve.
Ainda assim, a alegada negligência rapidamente é compreendida tendo em conta as dimensões do desastre. As autoridades turcas dizem que no país cerca de dez cidades foram atingidas, afetando mais de 13,5 milhões de pessoas. Para o local, segundo a Autoridade de Gestão de Emergências e Desastres da Turquia (AFAD), terão sido enviadas 13.740 equipas de resgate e mais de nove mil militares, mas mesmo assim estes não chegam para todos.
"Não temos equipas de emergência, nem soldados, ninguém. Este é um lugar completamente negligenciado. São vidas humanas, o que é que fazemos quando ouvimos alguém a pedir socorro?"
"Estamos condenados": os relatos de quem sobreviveu ao terramoto
Hatay, apesar de ser território turco, alberga mais de 400 mil refugiados sírios. Aqui, as fronteiras entre as duas culturas há muito que deixaram de ser evidentes e, nas últimas horas, até as terrestres ficaram impercetíveis.
Mas do lado de lá, na Síria, os problemas acentuam-se: por um lado falamos de um território controlado por rebeldes; por outro o mau tempo não dá tréguas e as equipas de socorro têm de lidar com o frio e com a neve.
É sem equipamento especializado, sem luvas ou roupas de inverno que os civis tentam ajudar quem mais precisa. Nas ruas, amontoam-se à volta de pequenas fogueiras para se aquecerem até voltarem ao trabalho. Deslocarem-se para outras localidades é algo que poderá demorar horas, muitas das estradas estão danificadas e há mesmo caminhos fechados.
Mas do meio do caos, surgem também as histórias daqueles que sobreviveram. Mustafa Alrij tinha acabado de deixar o filho num hospital sírio, em Al-Dana, quando começou a sentir o chão a tremer e viu vidros transformarem-se em estilhaços. Em pouco tempo a luz foi abaixo, o cenário tornou-se "apocalíptico" e a cabeça só pensava no pequeno Ismael.
Num ato pouco refletido entrou no edifício para trazer o menor em braços mas, pelo caminho, ajudou ainda algumas enfermeiras e uma grávida prestes a dar à luz. Ficaram todos abrigados no seu carro durante cerca de vinte minutos e estiveram mais de uma hora até conseguir chamar ajuda. Na cidade controlada por rebeldes a escala de devastação é enorme, os danos "indescritíveis" e as áreas mais afetadas são "aquelas que foram previamente bombardeadas pelo governo sírio ou pelas forças russas".
Raghad Ismail, uma menina de apenas 18 meses, foiencontrada com vida na cidade de Azaz. Saiu dos escombros ao colo de um socorrista - com o rosto coberto de pó, serena e de mão na boca - e foi entregue ao tio em segurança. Anos antes esta criança tinha fugido com a família da cidade de Morek por causa da guerra, agora havia perdido a mãe e os irmãos para um sismo.
Já em Aleppo uma mulherdeu à luz debaixo de ruínas. O recém-nascido foi resgatado, com vida e ainda com cordão umbilical, mas a mãe acabou por não sobreviver. Por estes dias, entre a Síria e a Turquia, a vida e a morte andam de mão dadas.
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
A escola é um espaço seguro, natural e cientificamente fundamentado para um diálogo sobre a sexualidade, a par de outros temas. E isto é especialmente essencial para milhares de jovens, para quem a escola é o sítio onde encontram a única oportunidade para abordarem múltiplos temas de forma construtiva.
O humor deve ser provocador, desafiar convenções e questionar poderes. É um pilar saudável da liberdade de expressão. Mas quando deixa de ser crítica legítima e se transforma num ataque reiterado e desproporcional, com efeitos concretos e duradouros na vida das pessoas, deixa de ser humor.
Queria identificar estes textos por aquilo que, nos dias hoje, é uma mistura de radicalização à direita e muita, muita, muita ignorância que acha que tudo é "comunista"