O líder do grupo Wagner anunciou que ia lançar uma "marcha pela justiça" com cerca de 25 mil soldados, apelando à população russa para que se juntasse. Moscovo fala em tentativa de golpe.
O líder do grupo paramilitar Wagner acusou esta sexta-feira o exército russo de lançar ataques aéreos que atingiram os acampamentos das tropas mercenárias, o que resultou num "número muito elevado de vítimas". Yevgeny Prigozhin convocou uma revolta contra o alto comando militar da Rússia, garantindo que tem 25.000 soldados e convocando os russos a juntarem-se a estes numa "marcha pela justiça". Moscovo nega todas as acusações e acusa o líder do grupo Wagner de mentir publicamente. Os Serviços Federais de Segurança russos (FSB) lançaram já um apelo aos mercenários do grupo Wagner para que não sigam as ordens de Yevgeny Prigozhin, instando os membros da organização a capturar o seu líder.
Mikhail Svetlov/Getty Images
"Realizaram ataques, ataques com mísseis, na retaguarda dos nossos acampamentos. Um número muito grande dos nossos combatentes foi morto", o líder do grupo Wagner, numa mensagem áudio divulgada pelos serviços do próprio grupo mercenário. Culpando o ministério da defesa russo de ter lançado o ataque, Prigozhin garantiu que irá retaliar contra estes ataques, não especificando que tipo de retaliação iria procurar. Os serviços secretos de Moscovo estão a encarar as declarações de Prigozhin como um apelo a uma guerra civil na Rússia.
O Exército russo já negou a realização de ataques contra acampamentos do grupo Wagner. "As mensagens e vídeos publicados nas redes sociais por Prigozhin sobre alegados ataques do Ministério da Defesa da Rússia nas bases de retaguarda do grupo paramilitar Wagner não correspondem à realidade e são uma provocação", referiu o governo russo em comunicado, o que aponta para uma aparente discordância entre Moscovo e o grupo mercenário.
O líder do grupo Wagner tinha referido que o exército russo está a recuar em vários setores do sul e leste da Ucrânia, Kherson e Zaporijia, respetivamente, contradizendo as afirmações de Moscovo de que a contraofensiva de Kiev era um fracasso. "Não há controlo, nem sucessos militares" por parte de Moscovo, acusou Prigozhin, referindo que o mesmo está a acontecer em Bakhmut.
"Somos 25.000 e vamos determinar por que é que reina o caos no país", frisou Yevgeny Prigozhin numa mensagem de áudio, instando "quem se quiser juntar" para "acabar com a confusão", mas negando estar a planear executar um "golpe militar". "Isto não é um golpe militar, mas uma marcha pela justiça, as nossas ações não atrapalham as Forças Armadas", assegurou. Numa outra reação, o líder do Wagner afirmou que as chefias do grupo decidiram que era preciso parar aqueles que têm "responsabilidade militar pelo país".
Nos últimos dias, Putin tem repetido que a contraofensiva ucraniana estava a ser um fracasso e que as forças de Kiev sofreram perdas quase catastróficas.
Na quinta-feira, Shoigu disse que o exército ucraniano estava a reagrupar-se, depois de não ter conseguido romper as defesas russas. Prigozhin descreveu as declarações vitoriosas do Ministério da Defesa em Moscovo como um "profundo engano" e acusou o Estado-Maior de esconder as dificuldades e as perdas russas no terreno.
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