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Caso Trump: "Acusação mostra que o Estado de Direito morreu neste país"

Márcia Sobral
Márcia Sobral 04 de abril de 2023 às 21:50
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Próxima audiência está marcada para o dia 4 de dezembro, em Nova Iorque.

No tribunal de Manhattan, Donald Trump declarou-se como "inocente" depois de ser formalmente acusado de 34 crimes de falsificação de registos comerciais em primeiro grau, o mais leve nos Estados Unidos da América (EUA). As acusações podem ser lidas aqui na íntegra

REUTERS/Andrew Kelly/Pool

O ex-presidente foi ainda incriminado de ter efetuado pagamentos de 150 mil dólares e 130 mil dólares à atriz pornográfica Stormy Daniels e à ex-modelo da Playboy, Karen McDougal, para que estas ocultassem que tiveram relações sexuais com o político e 30 mil dólares ao porteiro da Trump Tower para que este não expusesse que o milionário tinha "um filho de outro casamento".

Donald Trump encontra-se assim formalmente acusado de um esquema de "catch and kill" (em português "apanhar e matar") que consistia no encobrimento de informações que o poderiam prejudicar na corrida à Casa Branca.

De acordo com a Reuters, o Ministério Público levantou ainda problemas com um eventual "conflito de interesse" por parte do advogado de Trump. Todd Blanche classificou a acusação como "desapontante e triste" e garante que a mesma "não alega qualquer crime federal".

"A acusação mostra que o Estado de direito morreu neste país (…) Mas tenho que vos dizer que ele está motivado e isto não o vai deter ou prejudicar. É exatamente o que ele esperava", disse o advogado à saída do tribunal.

Esta terça-feira os procuradores entregaram ainda ao juiz vários documentos com cópias de "uma série de publicações feitas nas redes sociais" onde o magnata fazia "ameaças de morte e destruição". A defesa alega que o Donald Trump apenas "respondeu prontamente" a algumas publicações e de forma "retórica".

As provas dos crimes encontram-se sobretudo em formato áudio, depois de terem sido gravadas conversas em setembro de 2016 entre Trump e o seu advogado à data. Nas mesmas, os dois são ouvidos a discutir como é que poderiam garantir que os encontros sexuais do político não seriam descobertos.

Donald Trump optou por se manter em silêncio, tanto à chegada como à saída do tribunal, mas deverá falar perto da meia-noite na sua propriedade em Mar-a-Lago.

As acusações, em cúmulo jurídico, acarretam uma pena máxima de 100 anos de prisão, mas vários especialistas norte-americanos defendem que a mesma será substancialmente inferior.

A próxima audiência está marcada para o dia 4 de dezembro, em Nova Iorque, e os procuradores querem que o julgamento comece em janeiro de 2024, algo que a defesa de Trump disse ser "agressivo" pedindo o adiamento para a primavera do próximo ano.

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