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Caixas e sacos de plástico: como se salvam bebés prematuros em Gaza

Luana Augusto
Luana Augusto 14 de novembro de 2023 às 12:08
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Hospital Al Shifa está rodeado pelas tropas israelitas e os cortes de eletricidade fazem com que as incubadoras não funcionem.

Os militares israelitas garantiram esta terça-feira, 14, que planeiam enviar incubadoras para a Faixa de Gaza de forma a permitir a retirada de recém-nascidos do maior hospital da região. A informação foi avançada através do X (antigo Twitter) das Forças de Defesa de Israel, e surgiu após vários pedidos de ajuda por parte do Hospital Al Shifa. O hospital encontra-se rodeado pelas tropas de Israel, que garante que o edifício se encontra localizado no topo dos túneis que abrigam o quartel-general do Hamas.

Todos os bebés prematuros, que pesam menos de 1,5 quilos, devem permanecer em incubadoras para que a sua temperatura e humidade possam ser reguladas. No entanto, a falta de eletricidade na Faixa de Gaza está a levar médicos e enfermeiros do Hospital de Al Shifa a arranjarem outras formas de manter estável a temperatura dos recém-nascidos.

Deitados lado a lado em camas normais, os bebés estão a ser envolvidos em tecido verde, pacotes de fraldas, caixas de papelão e sacos de plástico. Ainda que estejam a ser feitos todos os esforços, ainda assim a medida parece não ser suficiente já que estes parecem permanecer com frio. Três bebés já morreram. 

"Nunca na minha vida esperei colocar 39 bebés lado a lado numa cama, cada um com uma doença diferente, e nesta aguda escassez de pessoal médico, e de leite", confessou o chefe do departamento pediátrico de Al Shifa, Mohamed Tabasha, à agência de notícias Reuters, ao acrescentar que não consegue prever o tempo de duração da vida dos bebés. "Ontem tive 39 bebés e hoje tenho 36. Não posso dizer quanto tempo eles podem durar. Posso perder mais dois bebés hoje, ou em uma hora."

Aqueles que sobrevivem ao frio não resistem às doenças. Este é o resultado dos cortes de água, de energia e da escassez de equipamentos que se fazem sentir na Faixa de Gaza e que levam a que os recém-nascidos contraiam gastrites, diarreias e vómitos.

A situação demonstra ser assim angustiante, tanto para os médicos como para as quatro enfermeiras responsáveis. "Estamos exaustos emocionalmente e fisicamente", reforça Mohamed Tabasha. 

O chefe do departamento pediátrico de Al Shifa entretanto já elencou tudo o que precisa para manter os bebés seguros. Do leque de pedidos fazem parte eletricidade para fazer funcionar as incubadoras, esterilizadores de leite e de biberões, remédios e máquinas de apoio em caso de insuficiência respiratória.

No dia 7 de outubro, os ataques do grupo terrorista Hamas mataram 1.200 pessoas e provocaram 240 reféns em Israel. Na Faixa de Gaza, já morreram mais de 11 mil pessoas, entre elas 4 mil crianças, na sequência da resposta israelita. 

Devido ao cerco pelas tropas israelitas e pelos combates intensos entre estas e o Hamas nas proximidades, as pessoas vão começar a enterrar os corpos que estão no hospital e que ascendem a mais de uma centena numa vala comum.

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