Segundo a rádio pública norte-americana, o 'The Washington Post' perdeu mais de 200 mil assinantes, depois do anúncio de que não ia apoiar ninguém. Tanto este jornal como o 'LA Times', historicamente, pendem para o lado dos democratas.
Os jornaisThe Washington Post eLos Angeles Timesanunciaram durante a campanha presidencial dos EUA que não iriam apoiar nenhum dos candidatos, suscitando o debate sobre esta prática editorial.
AP/DR
Estes dois jornais de referência partilhavam uma prática comum nos Estados Unidos, de apoiarem institucionalmente um dos candidatos presidenciais, mantendo a neutralidade nas suas peças noticiosas, mas assumindo a preferência por um dos partidos, em cada eleição presidencial.
Contudo, estes dois títulos anunciaram nos últimos dias que nas eleições presidenciais de 2024 abdicavam da escolha de um qualquer candidato. O momento destas decisões, a poucos dias das eleições, marcadas para 5 de novembro, foi de imediato aproveitado como um sinal de que estes jornais - que predominantemente escolheram candidatos do Partido Democrata, nas últimas décadas - se estavam a distanciar da vice-presidente e candidata democrata, Kamala Harris.
A direção de campanha de Donald Trump lembrou que "mesmo os conterrâneos de Kamala Harris na Califórnia sabem que ela não tem competência para o cargo", referindo-se à decisão doLos Angeles Timesde não apoiar a vice-presidente, apesar de esta ter sido procuradora-geral naquele estado da costa oeste.
Quem não gostou da decisão imposta pelos proprietários do jornal de Los Angeles foi a sua diretora editorial, Mariel Garza, que apresentou a sua demissão, na passada semana, depois de conhecer os argumentos dos administradores. "Demito-me porque quero deixar claro que não ficaria bem se nada dissesse", explicou Garza, em declarações à revista académicaColumbia Journalism Review, acrescentando que tinha sido informada de que o jornal se preparava para apoiar Harris - mantendo a tradição de há décadas de apoiar candidatos democratas - tendo recuado pouco depois.
Para a antiga diretora da revistaTime, Nancy Gibbs, as decisões destes jornais de referência - e, sobretudo, o seu 'timing' - são uma "auto-sabotagem" que prejudica a imagem das publicações e também adensa suspeitas sobre a independência do jornalismo. "Anunciar uma alteração de políticas tão perto das eleições sugere cobardia mais do que convicção", defendeu Gibbs, num artigo de opinião publicado este fim de semana noThe New York Times.
Gibbs recorda que estes jornais de referência são proprietários de milionários - Patrick Soon-Shiong é o dono do jornal de Nova Iorque e Jeff Bezos, fundador da Amazon, é o dono doThe Washington Post-, pelo que a decisão de abandonar a prática de apoiar candidatos (tradicionalmente democratas, nestes casos) pode dar a entender que estas figuras podem querer agradar ao republicano Donald Trump, acusado por muitos de querer beneficiar as grandes fortunas.
Também o ex-diretor doThe Washington Post, Marty Baron, usou a sua conta na rede social X para criticar a decisão do seu antigo jornal, acusando a decisão de neutralidade de ser "uma cobardia que coloca a democracia em risco". Para Baron, esta decisão pode até ser uma oportunidade para "Donald Trump ver isso como um convite a intimidar o proprietário, Jeff Bezos", lamentando que se tenha chegado a este ponto num jornal que tinha "cultivado a imagem de independência e coragem".
A rádio pública norte-americana, NPR, noticiou na segunda-feira, citando duas fontes anónimas doThe Washington Post, que mais de 200.000 pessoas cancelaram as suas assinaturas na sequência do anúncio de não apoio de qualquer candidatura presidencial, informação não comentada pela porta-voz do jornal, Olivia Petersen.
OThe Washington Posttinha mais de 2,5 milhões de assinantes no ano passado, a maioria deles digitais, sendo o terceiro mais lido do país, atrás doThe New York Timese doThe Wall Street Journal.
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