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Mudanças no Washington Post levam ao cancelamento de subscrições em massa

Onda de cancelamentos é apenas uma das que têm ocorrido desde que o jornal anunciou que não iria apoiar nenhuma das candidaturas à Casa Branca, quando se esperava que apoiasse Kamala Harris.

Mais de 75 mil assinantes do The Washington Post (WP)cancelaram a sua subscrição online depois do seu proprietário, o multi-milionário Jeff Bezos, ter anunciado, na quarta-feira da semana passada (26), que iria reorganizar os artigos de opinião para refletir "liberdades pessoais e o mercado livre", excluindo outros pontos de vista. Esta decisão levou à demissão imediata do editor da mesma secção, David Shipley. 

Washington Post
Washington Post AP Photo/Pablo Martinez Monsivais

Numa carta aberta aos jornalistas do WP, Bezos escreveu na rede social X, que "cobriremos outros tópicos", mas que "os pontos de vista que se opõem" aos pilares de liberdades pessoais e mercados livres "serão deixados para serem publicados por outros". Acrescentando que na era da internet um jornal já não tem de oferecer uma "secção de opinião alargada que (procure) abranger todos os pontos de vista".

Os cancelamentos vindos desta tomada de decisão, que poderá ser vista como uma aproximação às políticas de Donald Trump que beneficiam os investimentos e projetos empresariais de Bezos, representam um descontentamento por parte dos seus leitores. No entanto, acabou por ser apenas a onda mais recente de cancelamentos que se iniciaram no fim de outubro, quando o dono do jornal anunciou que não iam apoiar nenhuma candidatura presidencial, quebrando uma tradicação de décadas. O jornal preparava-se para anunciar apoio à democrata Kamala Harris.

O próprio já admitiu que os seus outros interesses comerciais, como a Amazon e a empresa espacial Blue Origin, tinham um papel nesta mudança uma vez que mantêm contratos com o governo no valor de milhares de milhões de dólares por ano. A administração Trump tem estado a agir de forma a remodelar o governo e beneficiar a indústria privada de acordo com as suas prioridades, e as agências noticiosas têm sido um alvo. 

"Podem ver a minha riqueza e os meus interesses comerciais como um baluarte contra a intimidação, ou podem vê-los como uma teia de interesses contraditórios. Só os meus próprios princípios podem fazer pender a balança de um para o outro", escreveu Bezos em outubro.

Entre outubro de 2024 e o dia das eleições, a 4 de novembro, segundo a NPR, mais de 300 mil leitores cancelaram a sua subscrição do The Washington Post, representando mais de 12% dos subscritores digitais.

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