Sábado – Pense por si

Banca controla grandes devedores todos os dias

Ana Taborda , Bruno Faria Lopes 29 de dezembro de 2016 às 08:00

No mínimo, uma vez por mês. Gigantes empresariais, milionários, muitos estão a renegociar as suas dívidas. Alguns já perderam iates e aviões

Sim, "os meus constituintes tinham uma dívida com o grupo Banif, a dívida foi reestruturada e com garantias reais, não há qualquer incumprimento"; "o Grupo Lena tem vindo a reduzir, desde 2010, a sua exposição ao sistema financeiro, toda a dívida está reestruturada ou em reestruturação, nunca o Grupo Lena teve qualquer perdão de dívida nem tão pouco qualquer execução ou arresto"; o Novo Banco lembra que a dívida da Ongoing é de 493 milhões de euros "e está na sua quase totalidade em incumprimento desde 2014"; "a dívida financeira consolidada bruta do Grupo Martifer, a 30 de Junho de 2016, ascendia a cerca de 294 milhões de euros (…) A 20 de Dezembro de 2015 a Martifer concluiu um acordo de reestruturação financeira"; o Grupo HoneyComb está actualmente envolvido num processo de reestruturação de dívida com o Novo Banco, que se estima possa ser concluído durante o 1º trimestre de 2017; "obrigada pelo seu email, no entanto, a administração de Vale do Lobo não se encontra disponível para responder às questões abaixo mencionadas".A primeira resposta à SÁBADO é de Humberto Correia Santos, advogado do Grupo Xavier de Lima, um dos maiores credores do antigo Banif. Nesse e em todos os emails que nos chegaram, reestruturação é a palavra mais repetida. Novo Banco surge logo a seguir. Nenhuma delas por acaso. Entre 2011 e 2015, BES/Novo Banco, Caixa Geral de Depósitos, Millennium bcp e BPI somaram 16.700 milhões de euros em empréstimos que provavelmente já não vão recuperar – o valor corresponde a cerca de 9% do PIB português e é o Novo Banco quem lidera a lista de créditos mais arriscados, com 5.700 milhões de empréstimos em risco. Talvez por isso nestes bancos o controlo dos grandes devedores seja cada vez mais apertado, explicaram várias fontes à SÁBADO. "No Novo Banco, quando a dívida é de 5 milhões de euros ou mais, os clientes passam a ter uma espécie de gestor próprio e a ser tratados individualmente", diz uma fonte da instituição. Com um requisito obrigatório: só pode acompanhar estes créditos quem nunca tenha estado envolvido na sua aprovação. Mais: "um cliente com esta dimensão é analisado todos os meses e, nos casos mais complicados, todos os dias" – numa situação normal, os empréstimos são escrutinados de três em três meses, a cada seis ou apenas uma vez por ano se os clientes em causa forem empresas muito pequenas ou particulares. Os gestores que os acompanham podem seguir uma ou mais empresas: "normalmente têm uma carteira de crédito de 50 milhões de euros". Primeiras medidas no Novo Banco e na CGD – a SÁBADO também lhe explica, no artigo que poderá encontrar esta semana, como o banco público gere os grandes devedores: tentar renegociar a dívida, dar mais tempo para pagar, no limite perdoar uma parte do valor, no fim de tudo: executar. Foi assim, como também poderá ler na revista, que Bernardo Moniz da Maia, anos a fio no top de milionários nacional e na lista de accionista do Millennium BCP perdeu um iate e um avião.Leia toda a história na edição n.º 661 da revista SÁBADO, nas bancas a partir de 29 de Dezembro.

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